Sergio Luiz dos Santos. Especialista em informática, com ampla experiência em análise de sistemas e programação de computadores. Suporte direto ao usuário e redes sociais. consultoria em informática. Atualmente bacharelando em direito na Escola Superior Dom Helder Câmara.
O Estilo do Tabaco. Como Fumo e Moda Caminharam Juntos por Cinco Séculos.
Uma moda de 500 anos não cai de uma hora para outra. O fumo, desde o princípio, esteve associado a valores importantes na sociedade. No século XVIII, além de todos os benefícios à saúde que se acreditava, ele também ajudava socialmente provocando efeitos antieróticos. Dirigia para outros lugares “as fantasias lúbricas que comprometem tantos os homens ociosos”. O mesmo fumo que, posteriormente, foi tão associado à sensualidade.
Audrey Hepburn
Tudo começou no século XVI, quando os colonizadores espanhóis e portugueses conheceram o tabaco na América e levaram a novidade para a Europa. Rapidamente, as descobertas café e tabaco, viraram moda. O verbo “fumar” entra na linguagem corrente apenas no século XVII. Até então, “bebia-se” fumo. A medicina dos séculos XVII e XVIII vê o tabaco como remédio, bom para o fôlego, para as afecções pulmonares e para a tosse crônica. O fumo e o café também estavam associados ao trabalho intelectual.
The Guitar Player - 1641 David Rijckaert
As mulheres aristocráticas ocupavam-se aspirando fumo, assim como as mulheres da burguesia, que as imitavam em tudo. O fumo era aspirado em forma de rapé, em toda parte, nas cortes, nos cafés, nos salões e por todas as classes sociais. Nos séculos XVII e XVIII, o cachimbo é o principal instrumento para fumar. No início do século XIX, aparece o charuto, e na segunda metade do século, o cigarro.
Cachimbos -1614
Marquise de Pompadour (1721/1764) amante preferida de Louis XV
A indústria do cigarro e as relações públicas cresceram juntas no século XX. Edward Bernays (1891/1995), sobrinho de Sigmund Freud, foi pioneiro no uso da psicologia e outras ciências sociais para persuasão do público consumidor. Ele nasceu em Viena, mas foi criado nos EUA. Bernays desenvolveu a campanha que promoveu o fumo entre as mulheres.
Em nome da Lucky Strike, ele procurou o conselho do psicanalista A.A.Brill, cuja mensagem era liberdade. Bernays organizou um evento publicitário que entrou para a história. Ele contratou modelos de moda para participar da parada de Páscoa de Nova York. Cada uma desfilou com um cigarro aceso e carregava uma placa proclamando-o sua “tocha da liberdade”.
1934
Graças a Edward Bernays, Ivy Lee, John Hill e outros pensadores do marketing nos EUA do princípio do século, o cigarro tornou-se símbolo de sensualidade, juventude, vitalidade, liberdade.
Propagandas das décadas de 40 e 50
Até Papai Noel!
O cinema foi um dos maiores propagadores do cigarro. Grandes atores e atrizes fumavam incessantemente nas telas. A sensualidade servia para ambos os sexos, homens ficavam mais másculos fumando cigarros, e mulheres, mais femininas.
Brigitte Bardot
Anita Ekberg
Marilyn Monroe
Jane Fonda
Rita Hayworth
Nos anos 50, quando a mídia começou a dar maior atenção aos efeitos provocados pelo cigarro e o governo americano tomava as primeiras medidas contra o fumo, os investimentos da indústria de tabaco praticamente duplicaram em publicidade. De US$ 76 milhões em 1953 para US$ 122 milhões em 1957. O cigarro estava nas revistas, na TV, no rádio, outdoors, displays, em todos os lugares.
Até os anos 80 ainda era elegante o uso do cigarro, mas as consequências já eram comprovadas e visíveis. Leis mais severas passaram a taxar impostos pesados sobre a indústria do tabaco, limitar locais de uso. As propagandas contra o fumoestavam mais comuns.
Personagem Carrie Bradshaw -Sex and the City
Quando Carrie Bradshaw, personagem do seriado Sex and the City, apareceu fumando, com o ar blasé (entediado) das estrelas de Hollywood dos anos 50, já causou estranhamento. A personagem foi bastante criticada por fazer apologia ao cigarro em pleno século XXI.
No Brasil, há 24,6 milhões de fumantes, entre eles, apenas 2,1% são fumantes ocasionais. Os dados são da Pesquisa Especial sobre Tabagismo – PETab – realizada em 2008 e publicada pelo Governo Federal, através do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde.
A proporção já foi pior, hoje, 82,8% da população, 118,4 milhões de brasileiros, são não fumantes. Destes, 26 milhões são ex-fumantes. A maioria, com mais de dez anos sem fumar. Nos anos 80, cerca de 35% da população brasileira com mais de 18 anos, fumava.
O cigarro já não aparece tanto na mídia. Não está nas novelas, nem nos outdoors, ou no rádio. Ele está fora de moda. A elegância se tornou inconveniência.Mas os números mostram que, além do vício, difícil de se libertar, o fumo ainda tem muita força social. Ele carrega um simbolismo que fez parte da cultura ocidental por vários séculos.
Sergio Luiz dos Santos. Especialista em informática, com ampla experiência em análise de sistemas e programação de computadores. Suporte direto ao usuário e redes sociais. consultoria em informática. Atualmente bacharelando em direito na Escola Superior Dom Helder Câmara.
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