Há alguns anos, se fôssemos a um bar da esquina e pedíssemos uma água, ela com certeza seria servida em um copo americano e não seria cobrada. Mas hoje, se realizarmos esse mesmo ato, ela virá em uma garrafinha pet ou em um copinho de plástico e custará em torno de R$2,00. Essa fonte natural que antigamente era abundante e gratuita, hoje está se tornando gradativamente mais escassa, industrializada e monopolizada. Estamos cada vez mais expostos a esse monopólio.
Enquanto aqui no Brasil, no Norte de Minas, por exemplo, a população tem que escavar buracos para retirar uma água turva para beber, e fora do país, os haitianos e etiopianos muitas vezes nem dessa forma conseguem obtê-la, os supermercados do nosso país e dos países de primeiro mundo possuem seções onde estão expostas, em diversas prateleiras, inúmeras garrafas de água mineral de diversos tamanhos e formas, diversas marcas, de qualidades diferentes e até de sabores diversificados. Hoje é possível encontrar água gaseificada e até com sabor de diversos tipos de frutas. Mais uma vez a criatividade humana abastece a lucrativa máquina consumista.
Muitas vezes as pessoas pensam que a água que temos em casa para o consumo e demais utilidades domésticas nos é dada de graça, por isso o seu uso se torna indisciplinado e exacerbado. Mas nos esquecemos que já pagamos por ela e quando compramos a água mineral exposta nos supermercados, restaurantes e lanchonetes das cidades, estamos pagando duas vezes e ainda pior, estamos contribuindo para a poluição e degradação do meio ambiente. Para se ter uma ideia, uma garrafa pet leva mais ou menos 100 anos para se decompor. Então, se jogarmos uma garrafa dessas na praia, por exemplo, e de lá ela nunca for retirada, um dia nossos filhos e até netos poderão ir lá visitá-la.
A água com certeza é um produto de primeira necessidade, por se tratar de um recurso natural indispensável para a sobrevivência da maioria dos seres vivos. Mas já a água mineral engarrafada torna-se um artigo de luxo supérfluo, onde o seu consumo gera benefício para as indústrias, mas acarreta inúmeros transtornos, muitas vezes irreversíveis, à natureza. Com essa atitude o ser humano está contribuindo ainda mais para o aumento do lixo oceânico, da poluição do solo, entre outros fatores.
Já basta o consumo de refrigerantes, que já gera uma enorme quantidade de lixo. Agora, com relação à água, isso não tem necessidade de acontecer. Se tivermos a necessidade de transportá-la, basta pegar uma única garrafinha que pode ser usada diversas vezes e enchê-la com a água da nossa própria casa. Se já temos esse privilégio, que não é possível para muitos ao redor do mundo, não precisamos cooperar cegamente para o consumismo desenfreado e deixar com que ele manipule as nossas vidas e as nossas mentes em prol da nossa própria destruição.
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