Pages

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Uso do Para-Raios.

Período chuvoso reacende preocupação com para-raios

Celina Aquino - Estado de Minas

O engenheiro Normando Alves compara a vistoria do para-raios a de um carro para mostrar a importância de zelar pela segurança




















 O período de chuvas se aproxima e os donos de imóveis devem dar atenção especial a um equipamento de segurança pouco lembrado: o para-raios. Chamado também de sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), o dispositivo tem a função de receber o raio e conduzi-lo de forma segura até o solo, onde a energia será dissipada.




Por isso é tão importante que ele seja instalado corretamente e passe por vistoria periódica, de preferência, antes da época de tempestades. Se uma descarga elétrica atingir a edificação, pode provocar estragos devastadores.

A instalação e manutenção de para-raios é regulamentada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da norma NBR 5.419, atualizada a cada cinco anos. No documento consta a orientação para que, uma vez por ano, o equipamento passe por análise visual. Depois de vistoriar o SPDA, o técnico de uma empresa especializada deve emitir laudo para atestar se o sistema está de acordo com as exigências ou precisa ser alterado.

O engenheiro civil Normando Virgílio Borges Alves, vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais em Minas (Abrasip-MG), compara a vistoria do para-raios à de um carro, mostrando a importância de zelar pela segurança. “Isso é para garantir que o para-raios continue funcionando, senão ninguém nunca vai saber se ele está em bom estado. É a mesma coisa que fazer viagem com um carro cujo óleo não é trocado há cinco anos.”

O para-raios é a melhor maneira de garantir que não haja danos em um imóvel, caso seja atingido por uma descarga elétrica. A possibilidade de ocorrer um acidente é mínima, já que a eficiência do equipamento chega a até 98%. “Tudo depende de onde o raio vai cair e da estrutura da edificação”, explica Alves.

O engenheiro relembra um episódio que ocorreu há seis anos em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, para mostrar que às vezes o SPDA não impede que uma descarga acerte certas partes da fachada de um prédio, por exemplo. O raio em questão bateu na janela de um apartamento. Em consequência a cortina se incendiou e o fogo destruiu todos os móveis do quarto.

O integrante da Abrasip, no entanto, garante que estragos provocados por descargas elétricas são raros quando há para-raios, principalmente nas áreas urbanas. “Mais de 90% das edificações têm concreto armado ou estrutura metálica, então a energia sai pelas ferragens.” Nesse caso, apenas o ponto onde o raio atingiu ficaria danificado.


Moradores investem em dispositivos de proteção contra a descarga de raios

Celina Aquino - Estado de Minas
O engenheiro de operação Marcos Vinícius sugere retirar aparelhos da tomada para evitar problema em caso de raios




















Assim que decidiram investir em uma reforma, os moradores do Edifício Dom Cezare Augustus, que fica na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, descobriram que seria preciso reservar parte do dinheiro para trocar o para-raios. Ao fazer vistoria na cobertura, eles se deram conta de que o equipamento de segurança já tinha 28 anos, a mesma idade da construção.

"Normalmente, os prédios nos centros urbanos mais antigos, construídos há 20, 30 anos, estão fora do padrão", comenta o engenheiro civil Normando Virgílio Borges Alves, vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais em Minas (Abrasip-MG), reforçando a importância da análise periódica.

Segundo o especialista, no caso de condomínios, a responsabilidade de verificar as condições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) é do síndico. “Se ele não fizer isso e acontecer um acidente no prédio, vai responder a processo civil e criminal na Justiça”, explica Alves.

Lição que o presidente da comissão de obras do Edifício Dom Cezare Augustus, Odair Guimarães, já aprendeu. "Resolvemos colocar um para-raios novo para termos mais tranquilidade e segurança. Estamos numa época perigosa, de muita chuva e trovões. Então, não queríamos ficar sem proteção", conta.

Há menos de dois meses o novo SPDA foi instalado e os moradores já têm planos de modernizar ainda mais a proteção contra raios, mesmo que seja preciso gastar uma fatia maior do fundo para obras. Afinal, para-raios não é um investimento barato. Os que são usados para proteger uma casa pequena custam em torno de R$ 10 mil. Já os modelos ideais para prédios podem valer R$ 80 mil e, em indústria, chega-se a gastar até R$ 1 milhão na instalação de um SPDA.

“Quanto maior a área, maior o custo, mas o bom projetista pode fazer a diferença no valor final. Se ele conhece bem a norma, usa os recursos para que o custo caia de R$ 60 mil para R$ 40 mil, por exemplo”, alerta o engenheiro.

Existem no mercado, a preço mais acessível, os para-raios de baixa tensão, que são instalados em tomada ou quadro de distribuição. Os dispositivos protetores de surto (DPS), como também são conhecidos, impedem que a descarga atmosférica chegue até os aparelhos eletroeletrônicos.

“Esses dispositivos conseguem proteger os equipamentos de raios que vêm da rede elétrica ou da rede de dados”, explica o engenheiro de operação do sistema de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) Marcos Vinícius Carneiro. Isso porque os raios também podem passar pelos cabos de internet, televisão, telefone, pela parabólica e até pela antena conhecida como espinha de peixe.

A eficiência dos para-raios de baixa tensão ficou comprovada em um teste recente realizado na Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Sul de Minas. Segundo Carneiro, nenhum equipamento eletroeletrônico que estava conectado a uma tomada com DPS se queimou depois de ser bombardeado por diversas descargas elétricas. Mesmo assim, o engenheiro sugere que os consumidores criem novos hábitos para evitar surpresas. “Se você desplugar os aparelhos, nunca vai ter problema e ainda está economizará energia”, afirma.

Outra dica é mudar a hora do banho em caso de tempestade. “Se você está molhado e cai descarga elétrica próximo da sua casa, uma parte dela pode se refletir em você.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário