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sábado, 30 de novembro de 2013

As Seis Lições de Jorge Paulo Lemann Para Ter Sucesso na Carreira.

As seis lições de Jorge Paulo Lemann para ter sucesso na carreira

Descubra quais são as principais qualidades de um talento para o mais bem-sucedido empresário brasileiro

O bilionário mais interessante do mundo segundo a Bloomberg falou sobre carreira para jovens estudantes,  em 26/11/2013, em um bate-papo online promovido pela Fundação Estudar. Jorge Paulo Lemann é o brasileiro mais rico do país, com uma fortuna estimada em US$ 17,8 bilhões, segundo o ranking da Forbes.

Em 1971, Lemann fundou o Banco Garantia. Hoje, ele possui participação em empresas como AB InBev, Burger King, Heinz e o fundo de investimento 3G Capital. Além de dar dicas e de traçar o perfil dos profissionais que são contratados por ele e por sua equipe, Lemann contou um pouco de sua trajetória para se tornar o maior empresário no setor de produção de alimentos e bebidas do mundo.

O empresário diz ter sido muito influenciado por sua mãe, que era muito ambiciosa e orgulhosa de seu filho. “Minha mãe me dava muito amor, mas me dava muita liberdade também. Eu tinha muita liberdade e sabia que tinha muito amor em casa. Ela sempre me achava o máximo. É sempre bom ter uma mãe que te acha o máximo”, afirmou.

1 - Faça diferente
Ter um currículo com atividades diferenciadas é importante para Lemann. “Têm pessoas que já fizeram alguma coisa aos 20 anos. Têm muitos que podem até ser ótimos e ter uma boa faculdade, mas não fizeram nada [de diferente]. Eu gosto de olhar o que o sujeito já fez de diferente”.

2 - Tenha brilho no olho
Ser apaixonado pelo que faz e almejar o sucesso também foram características citadas por Lemann. “Nós gostamos de pessoas com brilho no olho, que querem fazer alguma coisa e ser bem-sucedidas”.

3 - Tenha iniciativa

Ter vontade de mudar também é uma característica fundamental de um perfil talentoso, segundo Lemann. “Gostamos de pessoas que andam sozinhas. Preferimos aquele profissional que nós sabemos que vai criar algum problema, porque vai querer andar um pouco sozinho e vai fazer alguma besteira até. Eu não gosto tanto daquele soldado disciplinado que só vai fazer a coisa quando tiver uma ordem”.

4 - Atinja resultados
Falar é menos importante do que fazer para o homem mais rico do Brasil. “Gostamos de pessoas que atinjam resultados. Tem gente que fala muito, fala bonito, mas que não faz, não acontece. Têm outros que nem falam tanto e fazem de uma maneira diferente, mas que de alguma maneira conseguem chegar lá”.

5 - Saiba trabalhar em equipe

Não basta ter iniciativa, é preciso se dar bem com o time. “Nós gostamos de profissionais que conseguem trabalhar com outras pessoas. Aquele gênio, louco e sozinho, não funciona muito bem dentro do nosso sistema”.

6 - Tenha ética

“Damos uma importância muito grande para a ética. As pessoas podem ser diferentes, podem vir de origens diferentes, podem ter qualquer religião e tem que ser ético. Se não é ético, não dá pra trabalhar”.

Depois de contar sobre o perfil do funcionário que contrata, Lemann afirmou estar cada vez mais difícil para ele escolher novos talentos. “Quem vai para entrevistas já está descolado. Já sabe todas as respostas e já vem preparado. O melhor mesmo é dar uma chance para a pessoa e botar para trabalhar”.


Disponível em:  http://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2013/11/seis-licoes-de-carreira-de-jorge-paulo-lemann.html

Ex-Capitão do Bope e Consultor do "Tropa de Elite" dá 10 Dicas de Liderança.

Ex-capitão do Bope e consultor do "Tropa de Elite" dá 10 dicas de liderança.

 
10 dicas do ex-capitão do Bope Paulo Storani para gestão de equipes
Paulo Storani é mestre em antropologia, pós-graduado em administração pública e em gestão de recursos humanos e foi capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) do Rio de Janeiro de 1994 a 1999, o que lhe rendeu a função de consultor dos filmes "Tropa de Elite" 1 e 2; hoje ele dá palestras sobre como construir equipes de alto desempenho baseado nos métodos de treinamento do Bope


 Paulo Storani, 51, foi capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) do Rio de Janeiro de 1994 a 1999, o que lhe rendeu a função de consultor dos filmes "Tropa de Elite" 1 e 2.

Mestre em antropologia, pós-graduado em administração pública e em gestão de recursos humanos, hoje ele dá palestras sobre como construir equipes de alto desempenho baseado nos métodos de treinamento do Bope.

O Bope é uma tropa de elite da polícia do Rio de Janeiro, chamada em situações em que os pelotões normais da PM não conseguem resolver o conflito. Por causa da dificuldade, cada trabalho do Bope sempre é chamado internamente de missão.

"Os momentos de crise exigem mais da gente. Missão exige sacrifício. Transforme seus objetivos em missões para alcançá-los", declara Storani.


Veja as dicas do ex-capitão do Bope para formar um time qualificado e bem-sucedido na sua empresa:

1 – Seja transparente e objetivo: explique claramente qual é o trabalho e deixe que as pessoas decidam se querem participar dele ou não.

2 – Mostre o valor do trabalho:
apenas enxergando o valor daquela tarefa é que as pessoas vão se dedicar o suficiente para alcançar os resultados desejados.

3 – Tenha voluntários:
Storani diz que todos os membros do Bope são voluntários. Eles correm mais riscos no seu trabalho e não recebem a mais por isso. Ele acredita que voluntários se dedicam mais, pois estão ali porque querem, ou seja, veem o valor do trabalho ou se identificam de alguma maneira com a causa. Isso aumenta o comprometimento.

4 – Faça uma seleção rígida:
escolha os funcionários por sua qualidade técnica, experiência e, principalmente, pela determinação. Ela fará com que a equipe coloque as ações em prática.

5 – Prepare a equipe: mobilize e capacite seus funcionários. Defina o papel e a importância de cada um, exaltando o time. "Se tiver alguém desmotivado, ele puxa os outros para baixo. Da mesma forma, se tiver alguém interessado apenas em fazer sua parte, ele pode passar por cima de outros para isso, desestabilizando a equipe", declara Storani.

6 – Faça um planejamento:
elabore um plano de ação para atingir o resultado esperado para a missão. Tenha estratégias e táticas.

7 – Tenha um plano B: Storani diz que o plano ideal dificilmente é executado, geralmente por limitações de tempo e financeiras. Por isso, tenha caminhos alternativos que levem ao objetivo.

8 – Execute o plano com excelência: o ex-capitão do Bope define excelência como "o melhor desempenho, com máxima segurança e mínimo esforço, ou seja, sem desperdício".

9 – Tenha um padrão de qualidade:
o padrão de qualidade não deve ser baseado no melhor integrante da equipe e, sim, no pior. Afinal, se ele faz parte da equipe, deve ser considerado.

10 – Avalie resultados e aprenda:
confirme as ações positivas e corrija as que deram errado. Storani diz que, no treinamento, há um tanque de água gelada para onde os soldados vão quando fazem alguma atividade errada. "Lá, eles têm duas opções: pedir para sair do Bope ou voltar para a atividade, correndo o risco de retornarem ao tanque se errarem de novo. O que parece uma punição é, na verdade, uma superação, pois quando saem do tanque molhados e gelados, eles se dedicam com muito mais energia para a missão", afirma.



Disponível em:  http://economia.uol.com.br/empreendedorismo/noticias/redacao/2013/11/21/ex-capitao-do-bope-e-consultor-do-tropa-de-elite-da-10-dicas-de-lideranca.htm#fotoNav=5

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Seja um Profissional Sustentável.

Seja um profissional sustentável


Desenvolver uma carreira sustentável nos dias atuais é estar em sintonia com os valores éticos, as crenças e a missão da organização para qual está trabalhando. Um profissional sustentável, além de eficiente, gera retornos quantitativos e, principalmente, qualitativos para uma empresa.

Falar na relação de sustentabilidade entre profissional e empresa é pensar em uma troca justa e de desenvolvimento para ambos – a valorização de questões exclusivamente de salário e de benefícios ficaram no passado. Hoje, o que um funcionário busca é a identificação com a causa da organização, a satisfação de conviver bem no dia a dia com os colegas, um bom clima organizacional para desempenhar as atividades, e que receba investimentos para o desenvolvimento de sua carreira.

De acordo com Nelson Vieira, master coach e palestrante motivacional, para ter uma carreira sustentável é preciso gostar do que faz, e o retorno financeiro será  uma consequência do reconhecimento do mercado e do trabalho que executa com prazer. “Se uma pessoa faz o que não gosta, precisará de muito esforço para obter sucesso, o que pode acarretar em doenças físicas e mentais, impactando diretamente na satisfação e na felicidade”, alerta.

Postura do profissional


Ética, respeito, espírito de equipe, cumplicidade e conhecimento técnico são alguns dos elementos que fazem com que um profissional tenha uma postura sustentável em relação à empresa onde atua. Esta conduta só é possível por meio do desenvolvimento das competências de cada um, alimentando colaboradores mais autoconfiantes, gerenciáveis por si próprios e com capacidade de atualização.

“Quando falamos em liderança sustentável, por exemplo, estamos citando o profissional que consegue desenvolver pessoas, transmite conhecimento, tudo isso atrelado aos objetivos da empresa”, explica Caroline Calaça, diretora da Development e especialista em Coaching Corporativo.

Para a diretora, planejar a carreira é uma premissa para ter uma vida profissional sustentável. “Quando o indivíduo tem uma noção de onde quer chegar, de tempos em tempos, faz com que o planejamento seja gradual. É importante estabelecer alguns marcos para que saiba quais serão as etapas fundamentais para chegar onde deseja”, indica Caroline.

Empresas e profissionais são organismos vivos, portanto, ter atitudes sustentáveis para a carreira e para os negócios é buscar o equilíbrio entre as pessoas e o contexto social.


Disponível em:
  http://www.catho.com.br/carreira-sucesso/gestao-rh/seja-um-profissional-sustentavel?sc_source=b2c:catho&sc_medium=mala&sc_content=jcs20131122&sc_redir=seja-um-profissional-sustentavel&ggo=1

domingo, 17 de novembro de 2013

Maior Usina Solar do Japão


Maior usina solar do Japão é inaugurada

Conhecida por seus smartphones e outros dispositivos eletrônicos, a Kyocera inaugurou na semana passada a maior usina solar do Japão. Com capacidade de gerar 70 mW, a Kagoshima Nanatsujima Mega Solar Power Plant é tão grande quanto seu nome, ocupando uma área de mais de 1,2 milhão de metros quadrados.

A usina é composta por 290 mil painéis solares e fica em Kagoshima, no sul do país. A boa quantidade de energia gerada é capaz de alimentar cerca de 22 mil residências - e vem em uma ótima hora para os japoneses. A terra do sol nascente passa por um princípio de crise energética, já que, após o acidente em Fukushima, todas as geradoras nucleares tiveram as atividades encerradas.

A criação da gigante solar - que ocupa uma área três vezes maior que o Vaticano, segundo a Cnet - não tem participação apenas da Kyocera, claro. Junto com a empresa, outras seis companhias gerenciarão o complexo.
Aliás, vale mencionar que o local deve se tornar uma espécie de atração turística - uma das formas encontradas pelas empresas de "espalhar a filosofia da energia limpa".

Disponível em:  http://planetasustentavel.abril.com.br/noticias/maior-usina-solar-japao-inaugurada-760042.shtml

 No vídeo abaixo, dá para ter uma noção do tamanho da usina e ainda entender o apelo que tem para atrair visitantes.

Mundo Pode virar uma Tremenda Lixeira em 2100

Mundo pode virar uma tremenda lixeira em 2100



No ritmo atual de descarte, geração de lixo atingirá 11 milhões de toneladas diárias no fim do século, o triplo da taxa de hoje. Vai faltar lugar para tanta sujeira

A cada 24 horas, a humanidade joga no lixo mais de 3,5 milhões de toneladas de resíduos. Isso representa pelo menos 40 toneladas por segundo, um aumento de dez vezes em relação ao que gerávamos cem anos atrás. Pior, esse número provavelmente irá dobrar até 2025 e, se mantido o ritmo atual de descarte, até 2100 poderemos atingir o “pico” do lixo, com uma geração de 11 milhões de toneladas diárias, o triplo da taxa de hoje. Vai faltar lugar para armazenar tanta sujeira.

 O alerta vem de um estudo publicado no periódico científico Nature, que analisa três cenários diferentes, tentando determinar quando chegaríamos ao "pico do lixo". Seguindo o modelo "business as usual", o auge da produção de resíduos será atingido ainda neste século, com a África sub-saariana respondendo pela maior parte do crescimento.

De acordo com a pesquisa, o aumento da renda das populações de países pobres e em desenvolvimento e, naturalmente, do seu poder de consumo, são a principal alavanca da geração de lixo e da alta do desperdício.

 Para o pior cenário, o estudo assume um futuro em que o mundo está nitidamente dividido entre regiões de extrema pobreza, riqueza moderada e subsistência. Um cenário onde pouco ou nenhum progresso foi feito para enfrentar a poluição e outros problemas ambientais, e onde os objetivos de desenvolvimento globais não se efetivaram. Nesse cenário, a produção de resíduos aumenta em 1 milhão em relação ao business as usual, atingindo 12 milhões de toneladas por dia.

No melhor cenário, o pico de produção vai girar em torno de 8,4 milhões de toneladas por dia em 2075. Nesse mundo, a população humana se estabiliza em 7 bilhões de pessoas, das quais 90% vivem em cidades. "As pessoas são mais educadas e ambientalmente conscientes, e os níveis de pobreza em países em desenvolvimento apresentam a menor baixa de todos os tempos”, diz o estudo.

Mudando o jogo

Dá para reverter esse quadro? Sim, é possível. Para evitar que o mundo se tranforme numa grande lixeira, onde tudo é descartado, a solução passa pela preciosa regra dos 3Rs – reduzir, reutilizar e reciclar. Segundo o estudo, muito pode ser feito localmente para reduzir o desperdício. Alguns países e cidades estão liderando o caminho. São Francisco, na Califórnia, por exemplo, tem a meta ambiciosa de reaproveitar tudo o que no lixo é reciclável, até 2020. Atualmente, mais de 55% dos seus resíduos são reciclados ou reutilizados.

A cidade japonesa de Kawasaki, por sua vez, tem melhorado seus processos industriais para evitar a geração de 565 mil toneladas de resíduos potencialmente perigosos. Para isso, estimula a troca e a reutilização de materiais entre empresas de aço, cimento, química e papel.


Disponível em:  http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/mundo-pode-virar-uma-grande-lixeira-em-2100

sábado, 16 de novembro de 2013

Tecnologias Sociais a Serviço do Meio Ambiente


 Tecnologias sociais a serviço do meio ambiente. Assista ao vídeo abaixo:


Está aí Uma Nova Era Para a Humanidade

Está aí uma nova era para a humanidade, diz Al Gore



Em seu novo livro, Al Gore, político americano transformado em guru ambiental, diz que estamos em uma transição que vai inaugurar um novo capítulo na história. Confira um trecho exclusivo de O Futuro, lançado  em outubro de 2013.

"Há um consenso de que o futuro que começa a surgir será bem diferente de tudo o que vimos no passado. Não se trata de uma diferença de intensidade, mas de natureza. Até hoje, não houve um período de mudanças sequer parecido com o que a humanidade está prestes a viver.

 Já passamos por períodos revolucionários, mas nenhum tão poderoso e fértil quanto às oportunidades que estão sendo criadas hoje — e também aos riscos. Um dos principais motores dessa transformação é, sem dúvida, a disseminação simultânea da internet e dos recursos onipresentes da computação.

Eles proporcionaram uma extensão planetária do sistema nervoso humano, agora capaz de transmitir informações, pensamentos e sentimentos entre bilhões de pessoas — e tudo isso à velocidade da luz. Estamos conectados a grandes redes de dados de alcance mundial e às demais pessoas por meio de e-mails, mensagens de texto, redes sociais, jogos que permitem a interação com vários usuários e outras formas de comunicação digital.

Essa mudança revolucionária e ainda em aceleração vem provocando um tsunami de transformações, exigindo modificações significativas (e criativas) em atividades variadas — das artes às ciências, da tomada coletiva de decisões políticas à construção de novas realidades corporativas.

Estamos testemunhando uma multiplicação de novos modelos de negócios, organizações sociais e padrões de comportamento impensáveis antes da era da internet. Do Facebook ao Twitter, da Amazon ao eBay, do Google ao Baidu — incluindo uma dezena de outros empreendimentos inovadores provavelmente abertos desde que você começou a ler este parágrafo —, todos são fenômenos impulsionados pela conexão de 2 bilhões de pessoas (até agora) à internet.

O número de dispositivos digitais conectados já é superior à população do planeta. Segundo algumas projeções, por volta de 2020 mais de 50 bilhões de aparelhos estarão ligados à internet, trocando informações o tempo todo. Se o cálculo incluir dispositivos menos sofisticados capazes de transmitir informações sem fio, o número de ‘coisas conectadas’ cresce bastante.

Algumas escolas já implantaram sistemas capazes de identificar a presença de alunos com base na etiqueta que carregam nos pulso ou no uniforme — o que tem gerado protesto de alguns estudantes. Neste momento de transição, não faltam exemplos do atrito social gerado pelas inovações.

Uma coisa é certa: a transformação da economia global e a consolidação da Terra como organismo único, integrado por meio do uso intenso de tecnologia, exigirão abordagens políticas totalmente novas. As mudanças trazidas por um mundo cada vez mais interconectado são verdadeiramente globais e históricas.

Ao longo da trajetória humana, o padrão da atividade produtiva já passou por várias mudanças importantes. De forma mais destacada, as revoluções agrícola e Industrial promoveram alterações imensas no modo como a maioria das pessoas vivia seu dia a dia.

 As primeiras ferramentas construídas pelo homem, como pontas de lanças e machados, estavam associadas a um sistema de caça e de coleta que, segundo os antropólogos, durou quase 200 milênios. Esse padrão dominante acabou substituído por outro com base na agricultura — e iniciado não muito tempo depois do final da última glaciação —, que imperou por cerca de oito milênios.

Por sua vez, a Revolução Industrial demorou menos de 150 anos para reduzir a porcentagem de ocupação da mão de obra no setor agrícola de 90% para 2% do total da força de trabalho americana. Mesmo quando sociedades ainda baseadas na agricultura de subsistência entram no cálculo total, o campo concentra hoje menos da metade de todos os empregos do mundo.

A transformação nas oportunidades de trabalho exigiu grandes mudanças nos padrões sociais, entre elas a intensa migração das áreas rurais rumo às cidades e a separação geográfica entre a casa e o local de trabalho, para citar somente dois fenômenos impactantes.

O resultado dessas mudanças foi acompanhado por um crescimento econômico que elevou os rendimentos líquidos e reduziu drasticamente o volume de trabalho despendido para atender às necessidades humanas básicas: alimentação, vestuário e proteção, entre outras.

Atividades anteriormente comuns tornaram-se obsoletas, enquanto surgiram outros ofícios que demandavam competências inéditas e uma reformulação do significado de ‘ser produtivo’. Essas transformações aconteceram durante um longo período de tempo, que abrangeu várias gerações.

Nas duas revoluções, as novas tecnologias abriram espaço para outras oportunidades de reorganização da atividade humana em um novo padrão dominante — para muitos, uma ruptura desorientadora —, que ocasionou um aumento concreto na produtividade, ampliou a oferta de trabalho, elevou o rendimento médio, reduziu a pobreza e trouxe melhorias para a qualidade de vida das pessoas.

Observados em conjunto, esses movimentos delineiam a gestação, a infância e o lento desenvolvimento de uma revolução tecnológica que cresceu e finalmente ocupou papel central no avanço da civilização. Agora, essa revolução parece nos transportar rumo a novas realidades que, moldadas pela tecnologia, às vezes se apresentam ‘indistinguíveis da magia’.

As seis mudanças principais são: uma economia global profundamente interconectada,  uma rede eletrônica global que unirá não apenas seres humanos mas também máquinas e aparelhos inteligentes, um equilíbrio maior na distribuição de poder entre países, o surgimento de políticas públicas globais, um novo conjunto de inovações biotecnológicas capazes de prolongar a longevidade e melhorar a produtividade das lavouras, e, por fim, uma mudança na relação das pessoas com a natureza.

 O período de hipermudanças


Estamos em grande parte despreparados para o que está acontecendo. A estrutura de nosso cérebro não difere muito da de nossos ancestrais que viveram há 200 000 anos. Porém, por causa das mudanças radicais provocadas pela tecnologia em nossa vida, somos forçados a considerar a possibilidade de fazer adaptações em nosso projeto de civilização com mais urgência do que parece possível, ou mesmo razoável.

É difícil até perceber e pensar com clareza sobre o ritmo das mudanças que enfrentamos hoje. Conforme explica a Lei de Moore, hoje um iPad de quarta geração tem capacidade de processamento superior à do supercomputador mais poderoso existente há 30 anos, o Cray-2.

As implicações desse novo período de hipermudanças não são apenas de ordem matemática ou teórica. Elas estão transformando a maneira como desempenhamos nossas profissões e a forma como satisfazemos nossas necessidades. Ou seja, as oportunidades de trocar uma tarefa produtiva por dinheiro, desfrutar da sensação de bem-estar e pertencimento a uma comunidade.

Essa troca no centro de nossa vida está se transformando. Entender como ela está ocorrendo nos dará muitas das respostas de que precisamos para entender a nova era que a humanidade começa a experimentar.”


Disponível em:  http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1052/noticias/uma-nova-era-para-a-humanidade?page=1


Novas Tecnologias a Serviço do Meio Ambiente.

Novas tecnologias a serviço do meio ambiente.  - Entrevista especial com Antonio Nobre



“O substitutivo proposto já nasce ‘velho’”, diz Antonio Nobre referindo-se ao texto do novo Código Florestal, que, segundo ele, não avança no delineamento inteligente das Áreas de Preservação Permanente – APPs. Na avaliação do engenheiro agrônomo, o “novo Código não aproveitou as tecnologias modernas para aperfeiçoar e otimizar um desenho mais orgânico das APPs, de acordo com potenciais, fragilidades e riscos naturais dos terrenos”.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Nobre explica que novas tecnologias são capazes de indicar quais áreas devem ser destinadas à agricultura e à preservação. “Com estas imagens em 3D, podemos identificar no computador onde estão os brejos, a que profundidade está a água, quais as declividades e outras várias propriedades diagnósticas dos terrenos. Com estas valiosas informações espaciais, podemos definir classes de potencial de uso, acessar outras classes de fragilidades e mesmo identificar regiões de risco natural (cheias e deslizamentos, por exemplo)”. O uso dessa tecnologia, enfatiza, “resulta numa ampliação inteligente, econômica e não obstrutiva para a agricultura das áreas de conservação da biodiversidade”.

Antonio Donato Nobre é engenheiro agrônomo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais – Inpe e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa.

Confira a entrevista.

IHU On-Line De que maneira o novo Código Florestal poderá impactar as Áreas de Proteção Permanente – APPs?

Antonio Nobre – Afeta de muitas maneiras. Primeiramente, pelo fato de que o novo Código não aproveitou as tecnologias modernas para aperfeiçoar e otimizar um desenho mais orgânico das APPs, de acordo com potenciais, fragilidades e riscos naturais dos terrenos. Neste sentido, o substitutivo proposto já nasce “velho”, uma vez que não avança no delineamento inteligente de APPs. Essas novas tecnologias, que utilizam maquetes virtuais da paisagem e modelagem matemática de terrenos, já foram demonstradas como poderosas ferramentas na indicação dos melhores solos para agricultura, o que se traduz em considerável aumento de produtividade e de produção, sem incremento de área; e de áreas mais propícias para produção de serviços ambientais por ecossistemas naturais, o que resulta numa ampliação inteligente, econômica e não obstrutiva para a agricultura das áreas de conservação da biodiversidade.

Mesmo antes de ser aprovada na Câmara, a proposta de anistia, o tal prêmio da impunidade, já motivou preocupante piora nos números de desmatamento, com reflexos também no aumento da violência no campo. APPs como definidas no Código Florestal atual são áreas com terrenos em sua maior parte impróprios ou pouco próprios para atividade agrícola. No entanto, são regiões de grande importância ambiental para os agricultores e para a coletividade, porque lá é produzida água filtrada e de boa qualidade; é de lá que saem animais silvestres predadores de pragas agrícolas e também polinizadores sem os quais cai a produção de muitas culturas. São também essenciais para a segurança geológica e hidrológica, para a manutenção de solos e para a prevenção do assoreamento de canais e lagos. Quase ninguém discorda destas verdades científicas, quais sejam, as de que as APPs não são somente importantes mas também essenciais.

No entanto, um pequeno número de poderosos e influentes proprietários rurais, especialmente os que atuam na pecuária – mas também aqueles associados a imensos desmatamentos –, não querem ser imputados pelos crimes ambientais que cometeram.

IHU On-LineUma das propostas do novo Código Florestal é ampliar o espaço territorial para a agricultura. Que espaço físico o Brasil dispõe para investir nesta área? É possível ampliar o espaço para plantação e, ainda assim, conservar a biodiversidade?

Antonio Nobre – O Brasil dispõe de imensas áreas para expansão tanto da produção agrícola de alto rendimento quanto para proteção e recuperação dos ecossistemas e seus serviços ambientais. Como o espaço ocupado pelas plantações é função direta do rendimento, se aumentarmos a intensidade de produção em vastas áreas degradadas ou de baixa produtividade, teremos espaço mais do que suficiente para ampliação das duas frentes. A percepção de oposição entre produção agrícola e conservação não tem fundamento científico demonstrado.

A meu ver, o novo texto surgiu de ponderações políticas, contaminado por ideologia e interesses de lobbies econômicos, e está baseado em apenas um trabalho técnico, trabalho não devidamente publicado em revistas cientificas de sua área (geociências) e fortemente contestado pela comunidade científica.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC e a Academia Brasileira de Ciências – ABC aportaram uma revisão de centenas de trabalhos científicos, com inúmeras sugestões construtivas para a melhoria do texto, pedindo para ser escutada a comunidade científica, mas até o momento com pouco eco no poder Legislativo. Não obstante o desinteresse prático, quase todos os deputados e senadores, com quem a SBPC e a ABC interagiram para ofertar as contribuições científicas, demonstraram receptividade. Então, parece mesmo que não existem argumentos verdadeiros contra a entrada da ciência, mas existem, sim, interesses políticos inconfessáveis que não suportariam a confrontação com a verdade.

IHU On-LineQuais são os maiores dilemas e desafios da agricultura brasileira?

Antonio Nobre – O primeiro dilema é permanecer com a abordagem envelhecida da produção a qualquer custo (que pode significar continuação de lucro imediato de poucos poderosos, mas resultar na estigmatização da agricultura brasileira como inimiga da natureza – o que pode refletir-se em barreiras comerciais) ou adotar a abordagem da produção harmonizada com os reclamos ambientais (o que pode custar algo mais no início, mas resultar em apreço social e segurança comercial).

O segundo dilema é manter a artificial luta política contra grupos ambientalistas ou buscar associação com a força do ambientalismo (como já ocorre em países desenvolvidos, gerando muitas sinergias e lucro direto).

O principal desafio é aumentar a produção sem aumentar a área ocupada pela agricultura. (É demonstravelmente alcançável, mas exige investimento em aplicação de tecnologias amplamente disponíveis.) Além disso, é preciso aumentar ou manter a produção com as mudanças climáticas reduzindo ou aumentando os extremos de chuvas, e recuperar os serviços ambientais das florestas que promovem e regulam as chuvas.

IHU On-Line
O senhor apresentou aos senadores novas tecnologias para mapeamentos e estudos sobre os recursos naturais brasileiros. Que tecnologias são essas?

Antonio Nobre – São poderosas tecnologias de imageamento remoto da superfície, que utilizam radar, laser e outros instrumentos, com os terrenos sendo realçados e evidenciados em resolução muito fina, de poucos metros. Com estas imagens, obtidas por aviões ou satélites, constroem-se maquetes computacionais da paisagem. A partir destas maquetes, e utilizando-se modelagem matemática de terrenos, descobrimos e desenvolvemos um novo modo de mapear a profundidade do lençol freático remotamente. Isto é, com estas imagens em 3D, podemos identificar no computador onde estão os brejos, a que profundidade está a água, quais as declividades e outras várias propriedades diagnósticas dos terrenos. Com estas valiosas informações espaciais, podemos definir classes de potencial de uso, acessar outras classes de fragilidades e mesmo identificar regiões de risco natural (cheias e deslizamentos, por exemplo). Com tais tecnologias já construímos um protótipo de visualizador para o Google Earth, onde cada pessoa com acesso à internet poderá ver quais os terrenos são apropriados para determinado tipo de uso. Essas tecnologias vão democratizar o acesso à informação sobre os terrenos, ajudando poderosamente a melhor alocação de culturas agrícolas, de acordo com a aptidão dos solos.

Também, indicará onde as APPs precisam ser recompostas, quais áreas oferecem riscos para residências, etc.

IHU On-Line Qual sua expectativa em relação à aprovação ou não do Código Florestal pelos senadores?

Antonio Nobre – Tenho forte esperança de que o debate emocional, ideológico e da baixa política que assistimos na Câmara dos Deputados durante a geração do novo texto do Código Florestal seja sucedido no Senado por uma séria análise racional, propositiva e responsável.

Quando o Brasil era pouco desenvolvido, em 1934, os cientistas foram escutados para a construção do primeiro código florestal. Depois,em 1965, novamente o melhor da ciência informou a construção da lei ainda em vigor. Seria surreal se, em 2011, com os inegáveis e espetaculares avanços da ciência e da tecnologia, o Senado aprovar inalterado o texto da Câmara, que infelizmente ainda se encontra desprovido de ciência.

Disponível em:  http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_canal=41&cod_noticia=18763

Tecnologia Social Como Ferramenta de Mudança.

Tecnologia Social como ferramenta de mudança.



Vem crescendo o entendimento a respeito do que é Tecnologia Social (TS). Ou seja, de que se trata de algo relacionado ao trânsito da economia informal para a Economia Solidária (ES) e seus empreendimentos, e não para o setor formal e às empresas. Gerar inclusão social, trabalho e renda não é o que se pode esperar das empresas e da finalidade que têm: extrair mais valia de quem vende sua força de trabalho e gerar lucro para o proprietário dos meios de produção. Uma empresa pode, no máximo, gerar empregos; e com um salário sempre menor do que aquilo que o trabalhador efetivamente produz.

Ganha força a noção de que TS é muito diferente de tecnologia convencional (ou da tecnologia capitalista, para ser mais claro) que a empresa desenvolve, usa e precisa para gerar lucro e para deslocar outras empresas do mercado.

Não vou falar em inovação social: inovação é um conceito específico e restrito ao ambiente empresarial. Tampouco em tecnologias sociais, no plural; quero ressaltar que se trata, mais do que um conceito novo, de uma utopia a ser construída. E não é colecionando iniciativas que julgamos coerentes com algum dos “conceitos” de tecnologia social que estão “na praça” que vamos chegar a um modo de desenvolver tecnologia alternativo àquele que satisfaz os valores e interesses capitalistas. Também não aceito a ampliação do conceito de TS para incluir metodologias que, embora gerem inclusão social, não estão ligadas à produção de bens e serviços.

O leitor deve estar ansioso, a esta altura, para saber como elaborar uma política para fomentar a ES e a TS. Estamos ainda longe de ter um marco analítico-conceitual, uma estrutura institucional, etc.; elementos imprescindíveis para formular uma política pública.

Não sei se todos já viram um ferreiro trabalhando. Ele alterna, “dando uma no cravo e outra na ferradura”, com a finalidade de ajustá-la corretamente. Vou fazer como ele.
Primeiro vou “dar uma no cravo”, criticando a política de ciência e tecnologia (C&T) por ser pouco aderente ao projeto político de democratização que estamos vivendo no país. Ela é a que menos mudou depois que exorcizamos o fantasma do neoliberalismo: continua orientada para o fomento à tecnologia convencional, a serviço do capital e da empresa, da exploração, do lucro.

Depois, outra na ferradura, pois não se pode só criticar. Temos que aterrissar e materializar a crítica propondo uma estratégia de desenvolvimento tecnicocientífico alternativo à que está sendo implementada.

No cravo, as críticas

O capital possui uma plataforma cognitiva de lançamento muito bem projetada e fabricada; por isto é que esse foguete voa tão bem! Cerca de 70% do gasto em pesquisa no mundo é realizado em empresas; e, destes, 35% (ou seja, a metade) em multinacionais. Essa, diga-se de passagem, é a tecnologia que nossas empresas importam, em geral na forma de máquinas e equipamentos. Mas os 30% que em todo o mundo são gastos nas universidades e institutos de pesquisa públicos também estão a serviço da empresa.

Para se ter uma ideia do que se gasta no Brasil com desenvolvimento de TS – a plataforma cognitiva de lançamento da ES –, pode-se desagregar o orçamento de C&T nas quatro agendas políticas que atende: da comunidade científica, das empresas, do governo e dos movimentos sociais.

O gasto em cada uma, como é de se esperar, é proporcional ao peso político de cada ator: 40% vão para a P&D na empresa, 37% para os programas de interesse do próprio governo, 21% para a comunidade de pesquisa e 2% para a TS. O que mostra como nós, que defendemos a “dobradinha” ES-TS somos fracos; e como é necessário lutar para que este gasto aumente.

Mas, ao mesmo tempo, somos fortes. Há 190 milhões de brasileiros e 160 milhões em idade de trabalhar. Desses, apenas 40 milhões têm carteira assinada. Há 120 milhões no setor informal. Ou que são “candidatos” a ele e à exclusão. A ES hoje ocupa 2 milhões de pessoas. O que quer dizer que existem 118 milhões de pessoas que precisam nela ingressar para sair da exclusão e fugir de uma “inclusão” injusta no setor formal.

Apesar de nossa política de C&T estar focada nas empresas, elas inovam pouco; e quase não fazem P&D. Apenas 31% delas (cerca de 30 mil) são inovadoras. Quando perguntadas “como é que você inova?”, 80% dizem que inovam comprando equipamento.

O que não é de estranhar. Como dizia um especialista latino-americano em política de C&T, em qualquer época, as empresas e países farão três bons negócios com tecnologia: roubar, copiar e comprar. E nenhuma empresa vai desenvolver tecnologia se puder realizar um desses três negócios. Muito menos o farão empresas localizadas num país periférico como o nosso, em que a dependência cultural faz com que os bens e serviços que aqui se demandam já teve a tecnologia necessária para sua produção desenvolvida nos países centrais.

Nos Estados Unidos, cerca de 70% dos pós-graduados vão para empresas fazer P&D. No Brasil, de 2006 a 2008, foram formados 90 mil mestres e doutores em ciências “duras”. Se nossa proporção fosse a estadunidense, 63 mil deles iram fazer P&D nas empresas “brasileiras” (nacionais, estrangeiras e estatais). Mas só 68 pessoas de 90 mil foram empregadas para fazer P&D.

Enquanto a empresa, apesar de todo o estímulo que vem recebendo do governo, não faz pesquisa, os empreendimentos solidários só se poderão viabilizar se puderem contar com o potencial tecnocientífico que temos. Mas para isso ocorrer temos que orientar a política de C&T para o desenvolvimento de TS e, as outras políticas públicas, para alavancar a demanda dos bens e serviços que a ES pode proporcionar.

Na ferradura, a proposta

Para ilustrar, vou dar um exemplo. O programa “Minha casa, minha vida” reservou apenas 3% do seu recurso para autoconstrução; 97% foram para as empreiteiras. Entretanto, 54% das casas brasileiras são construídas pelos seus próprios moradores. Por que uma parte maior do recurso não foi para mutirões?

É claro que isso não ocorre por “falta de tecnologia”. Mas seria mais difícil que isso ocorresse se pudéssemos contar com tecnologia para que os empreendimentos da ES pudessem completar a cadeia de reciclagem de modo a fazer com que latas de alumínio não sejam vendidas a atravessadores e sim destinadas a produzir esquadrias para equipar aquelas casas que são feitas pelos seus próprios moradores, fazendo com que eles não precisassem recorrer a empresas.

Para se ter uma idéia do que poderia ocorrer se uma parte do poder de compra do Estado fosse orientado para a ES, vou dar outro exemplo. O Estado arrecada 40% do PIB em impostos. Desses, 25% são destinados a comprar das empresas os bens e serviços necessários para implementar as políticas públicas que proporcionam aos cidadãos saneamento, habitação, saúde, transporte, educação, etc., a que têm direito.

A idéia é que o governo estimule a ES entendendo-a como um dos eixos se sua política pública com uma importância pelo menos semelhante àqueles que a proposta hoje hegemônica do neodesenvolvimentismo vem privilegiando. E, por esta via e por consequência, a TS.

Temos que pensar em possibilidades que vão desde a indução de demanda, em particular a relacionada com os bens e serviços produzidos com TS que podem ser alvo do poder de compra do Estado, até a articulação da TS com políticas públicas, especialmente as políticas sociais. Essas políticas-fim pouco se relacionam com a política-meio – de C&T. É necessário que elas se articulem crescentemente de modo a induzir demanda de TS. A qual proporcionará a base cognitiva e produtiva que as políticas sociais precisam.

É muito importante, também, pelo lado da “oferta” o fomento ao desenvolvimento de TS em Institutos de Pesquisa e Universidades Públicas. As cem incubadoras tecnológicas de cooperativas populares têm uma participação ainda pequena no desenvolvimento de TS.

Uma possibilidade seria, por exemplo, o incentivo à fixação de profissionais universitários em empreendimentos solidários. Hoje, um empresário manda um projeto para o Ministério e, “no outro dia”, pode contar com um mestre, um doutor, ou um graduado para fazer pesquisa em sua empresa. Há que lutar por uma medida de política de apoio tecnológico à ES para colocar em cada incubadora, cooperativa ou empreendimento solidário um profissional para dar suporte cognitivo àquilo que precisa ser feito.

Para superar a pobreza é necessário gerar trabalho e renda. É ilusão o que propõe o neodesenvolvimentismo, que vai gerar emprego e salário para os 120 milhões de brasileiros que não têm carteira assinada; para a metade da nossa população que sobrevive com 12 reais por dia. A empresa e sua tecnologia convencional não irão conseguir isso.

Incluir os excluídos na ES, em empreendimentos solidários dotados da sua plataforma cognitiva de lançamento, a TS deve ser o foco, nos campos econômico-produtivo e tecnológico, das políticas públicas que nos levarão ao país mais justo que queremos.


Renato Dagnino é professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica, do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp.



Disponível em:  http://www.unicamp.br/unicamp/ju/528/tecnologia-social-como-ferramenta-de-mudan%C3%A7a

Estudo Prevê Emissão de 3,5 Milhões de Toneladas de Gás Carbônico Durante as Olimpíadas

Estudo prevê emissão de 3,5 milhões de toneladas de gás carbônico durante as Olimpíadas




A Secretaria de Estado do Ambiente e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), divulgaram  em 13/11/2013, um levantamento preliminar com a estimativa de que 3,5 milhões de toneladas de gás carbônico devem ser emitidas no estado, no período das Olimpíadas e dos Jogos Paralímpicos de 2016. Para minizar os efeitos dessas emissões, 18,5 milhões de mudas serão plantadas até o final de 2015, sendo 16 milhões de árvores nativas da Mata Atlântica e 2,5 milhões de seringueiras, que absorvem mais carbono.

Desde 2009, quando foi assinado o Compromisso Olímpico, 5,5 milhões de mudas já foram plantadas, principalmente no município de Cachoeira de Macacu, na região serrana. Para o secretário do Ambiente, Carlos Minc, a meta de plantio deve ser superior ao número estipulado para combater, também, o aumento da emissão de carbono durante a Copa do Mundo de 2014.

"Nós temos a responsabilidade de plantar árvores para neutralizar todas as emissões de carbono que serão feitas em decorrência das Olimpíadas. Contratamos uma empresa que calculou a quantidade de carbono que será emitida durante o evento. Para abater esse número teremos que plantar 18,5 milhões de árvores, mas como havíamos anunciado anteriormente, vamos manter a meta de tentar plantar 24 milhões”, disse o secretário.

Segundo o levantamento preliminar dos Jogos Limpos – iniciativa da secretaria -, dois terços de todas as emissões de carbono estão vinculadas ao setor de transportes, com 65,36% de liberação. Em segundo está o setor de construção de locais e eventos, com 25%.

Minc acrescentou que o objetivo com esses plantios é garantir menos carbono, mais água e mais biodiversidade. “Sempre nos baseamos naquela ideia de três por um. Estamos plantando árvores para absorver carbono e não aumentar a temperatura do planeta mas, também, para proteger os rios, melhorando os recursos hídricos, além de fechar corredores de biodiversidade, que garantem a não extinção de animais ameaçados no estado", explicou.


Disponível em:  http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-11-13/estudo-preve-emissao-de-35-milhoes-de-toneladas-de-gas-carbonico-durante-olimpiadas

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Falta de Consenso Adia Implantação do PIB Sustentável.

Falta de consenso adia implantação do PIB sustentável, avalia especialista


Embora haja consenso internacional quanto à necessidade de um indicador para medir a sustentabilidade dos países, o chamado PIB Verde, permanecem dúvidas entre os especialistas que examinam a questão. O tema foi discutido nos últimos dias 28 e 29 de outubro de 2013, na 2ª Rio Climate Challenge: Rio Clima, conferência promovida pelo Instituto OndAzul.

Há dúvidas sobre se convém trabalhar em cima do Produto Interno Bruto (PIB, que mede o total de bens e serviços produzidos no país) tradicional, agregando uma série de elementos qualitativos de natureza ambiental e social, ou se seria melhor construir outro indicador baseado no consumo que, neste caso, seria a renda disponível das famílias, após o pagamento de suas necessidades básicas.

O deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), presidente da Subcomissão Especial da Câmara dos Deputados para a 19ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-19), concorda que o atual PIB já não é suficiente para mensurar o desenvolvimento de um país, considerando as três vertentes (econômica, ambiental e social), como faria o PIB Verde. A ideia do PIB sustentável foi lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Conferência para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), ocorrida no Rio de Janeiro, em 2012. O indicador proposto refletiria a riqueza real dos países, bem como a sua capacidade de crescimento futuro, considerando, entre outros fatores, a disponibilidade de recursos naturais, educação das populações, qualidade de vida.

Sirkis disse que o PIB virou um “fetiche” dos governos, que passam a considerar que, se ele está aumentando, tudo está bem, e se não aumenta, tudo vai mal. “Não é isso que determina de fato o desenvolvimento”, sustentou. Admitiu, por outro lado, que uma recessão ou um PIB negativo são um indício alarmante em uma sociedade, em uma economia.

“Mas achar que quanto mais o PIB crescer, melhor, e se ele estiver com um crescimento discreto é ruim, é uma noção equivocada, mas que está muito generalizada atualmente”. Pessoalmente, Alfredo Sirkis é favorável a que se aplique sobre o PIB uma série de outros indicadores e se tire uma média ponderada.

Como aplicar as três vertentes (econômica, social e ambiental) sobre o PIB é o objeto da grande discussão global em curso, enfatizou. “Não é nada trivial”. Esclareceu que o problema não é o PIB, mas o uso dado a esse indicador. O índice foi criado na década de 1930, em resposta à Grande Depressão (crise econômica iniciada em 1929 e que persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a 2ª Guerra Mundial) e, depois, às destruições causadas por esse conflito. “Era importante, naquela época, se ter a possibilidade de se apropriar de tudo que existia de produtivo nos vários países e ter um indicador baseado nisso. Era, basicamente, um indicador de reconstrução”. Com o passar do tempo, ações como destruição de florestas tiveram consequências negativas sobre o desenvolvimento de muitos países.

Hoje, a discussão em torno de um novo indicador de sustentabilidade é complexa, tendo em vista as diferenças ambientais, sociais e econômicas apresentadas pelas nações. “O diabo mora nos detalhes”, ressaltou Sirkis. Acrescentou que o agravante disso é saber quais são os danos compatíveis na contabilidade dos diferentes países. Apesar de a maioria das nações já calcular o seu PIB, há dados que seriam importantes para uma análise mais qualitativa que não são calculados por todos.

O debate sobre o PIB Verde ocorre no âmbito da conferência dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), processo aberto a partir da Rio+20, e não na Conferência do Clima, que ocorrerá em Paris, na França, em 2015. O presidente da Subcomissão Especial para a COP-19 disse, porém, que existem muitas interfaces entre a Rio+20 e o evento da ONU, em Paris.

Diante da dificuldade de se chegar a um consenso sobre o PIB Verde, o tema não integra as recomendações que serão levadas pela subcomissão da Câmara dos Deputados à COP-19, em Varsóvia. “Todo mundo concorda que o PIB é ruim, pelo uso que se dá, do ponto de vista do desenvolvimento sustentável, mas não houve consenso em relação a essa situação”. Ele acredita, entretanto, que mais à frente, no âmbito dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), a ONU vai chegar a algum tipo de consenso.

Alfredo Sirkis salientou que outro debate que precisa ter andamento é sobre a atribuição de valor econômico para serviços prestados por ecossistemas.


Disponível em:  http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-11-03/falta-de-consenso-adia-implantacao-do-pib-sustentavel-avalia-especialista

Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas Cobra Medidas Imediatas de Mitigação.

Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas cobra medidas imediatas de mitigação.



Relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), divulgado em 07/11/2013, ressalta a necessidade de adoção de ações imediatas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “O benefício da ação imediata para mitigar a mudança do clima supera o custo da inação”, destaca trecho do primeiro relatório de avaliação nacional sobre mudanças climáticas do organismo científico, criado pelo governo federal em 2009 por meio dos ministérios de Meio Ambiente e da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Esse é o terceiro volume do relatório produzido pelo PBMC. O documento traz propostas de redução da emissão de gases poluentes nos setores de energia, indústria, transporte, edificações, agropecuária e uso da terra. Ele foi lançado pela manhã, em Belém, durante o Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte.

“Nesse relatório, mostramos as opções para os tomadores de decisão para reduzir as emissões, de forma que a gente não gaste tanto em adaptação [maneiras de amenizar o impacto]. Existe realmente a possibilidade de redução das emissões, mas depende de decisões muito mais políticas do que econômicas,” disse a presidente do comitê científico do PBMC, Suzana Kahn Ribeiro.

O estudo mostra que o Brasil, em 2010, reduziu as emissões para 1,25 bilhão de toneladas de dióxido de carbono (CO2), em comparação com as emissões de 2,03 bilhões de toneladas em 2005 por causa do êxito no combate ao desmatamento. Entretanto, o documento informa que “após 2020, serão necessárias medidas adicionais de mitigação, devido à tendência de aumento das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis no país”.

“Houve diminuição da emissão de gases de efeito estufa por causa da redução do desmatamento. Isso tem um limite. Estamos atingindo a nossa meta, mas, nas próximas décadas, a redução terá que ocorrer nos setores de energia, transporte e agricultura”, acrescentou Suzana.

Segundo o PBMC, as liberações de dióxido de carbono no Brasil passaram, a partir de 2010, a serem determinadas pelos setores de energia, por causa da queima de combustíveis fósseis, e da agropecuária. As soluções passam pelo uso de energias alternativas, eficiência energética e um padrão de consumo e produção menos intensivo em carbono, que é causador do efeito estufa. Os pesquisadores também destacam que os setores de transporte e indústria são fontes importantes de emissões.

O relatório estima que as emissões do setor elétrico vão aumentar 130% na década entre 2011 e 2021, e aponta que medidas de eficiência energética e o incentivo às pequenas centrais hidrelétricas, às térmicas a bagaço de cana-de-açúcar, e às energias solar e eólica deve ser adotado para mudar o cenário.

As emissões de gases poluentes da agropecuária representam 35% do total do Brasil, “mantendo-se uma tendência crescente”, segundo o estudo. Grande parte das emissões no setor está associada ao produzido pelo rebanho bovino e o manejo das culturas de soja, milho, cana-de-açúcar e arroz que, juntas, ocupam mais de 70% da área cultivada.

“De 1990 a 2005, houve um aumento de 37% das emissões no setor, considerando-se basicamente o óxido nitroso e o metano, fruto não somente do crescimento dos rebanhos e da área plantada, mas também da maior utilização de tecnologias”, diz o texto. Os pesquisadores destacam que a recuperação de pastagens e a expansão de plantios comerciais de florestas são oportunidades de mitigação.

No setor de transportes, de acordo com estimativas para 2020, o transporte rodoviário poderá emitir 60% a mais do que em 2009, alcançando 270 milhões de toneladas de CO2. A redução do uso de transportes motorizados e o emprego de fontes de energia mais limpas, como os biocombustíveis, são algumas das propostas do PBMC.

O primeiro volume do relatório do painel, publicado em setembro, mostrou que haverá alta nas temperaturas do país no decorrer do século, diminuição das chuvas no Norte e Nordeste e aumento de chuva no Sul e Sudeste. Em outubro, a segunda parte do relatório apontou que agricultura deve ser o setor da economia mais afetado pelas mudanças climáticas ao longo do século 21.


Disponível em:  http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-11-07/painel-brasileiro-de-mudancas-climaticas-cobra-medidas-imediatas-de-mitigacao

Mudanças Climáticas Podem Causar Perdas de R$ 7,4 Bilhões Para Agricultura, diz Relatório.

Mudanças climáticas podem causar perdas de R$ 7,4 bilhões para agricultura, diz relatório



A agricultura deve ser o setor da economia mais afetado pelas mudanças climáticas ao longo do século 21, divulgou em 25/10/2013, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), na segunda parte do primeiro relatório nacional. De acordo com o estudo, o prejuízo do agronegócio com problemas climáticos pode chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020 e R$ 14 bilhões em 2070. Até 2030, a produção de soja, por exemplo, pode ter perdas de até 24%.

"É uma preocupação em termos de impacto financeiro e para a questão de segurança. A ideia é que esses relatórios possam sinalizar aos tomadores de decisão a importância de agir agora. O custo da inação, de não fazer nada, vai ser maior do que se a gente começar a se prevenir", defendeu Andrea Santos, secretária executiva do painel.

O estudo prevê que as mudanças nos regimes de chuva e a elevação da temperatura média prejudique a agricultura principalmente em áreas secas, como o Nordeste, região em que a distribuição de chuvas pode cair até 50%, segundo o relatório. Um resultado desse processo seria a intensificação da pobreza e a migração para áreas urbanas, impactando a infraestrutura. Culturas como as do milho, do arroz, da mandioca, do feijão e do algodão seriam prejudicadas.

Outra ameaça à segurança alimentar prevista pelo relatório é a diminuição do potencial pesqueiro do Brasil, que pode chegar a até 10% nos próximos 40 anos. Andrea explica que, com o aumento da temperatura da água e a mudança na salinidade, espécies podem buscar regiões mais frias, afetando toda a costa nacional. O estudo aponta ainda a elevação do nível do mar como outra possível vulnerabilidade das cidades litorâneas.

"Além de inundações, esse aumento pode levar a colapsos no sistema de abastecimento e esgotamento, com o retorno de esgoto para as residências em um caso de transbordo dos sistemas de tratamento. Isso pode trazer prejuízos também para o lençol freático".

Nas grandes cidades, os prejuízos estimados serão na mobilidade e na habitação, que podem sofrer com tempestades mais frequentes no Sul e no Sudeste. Já biomas como a Amazônia e a Caatinga correm riscos de ter queda de até 40% dos índices pluviométricos (chuvas), afetando a biodiversidade. A alta da temperatura também pode aumentar a incidência de doenças, como a dengue e a leishmaniose, e, combinada a maiores radiações de raios ultravioletas e emissões de gás carbônico, as lavouras podem sofrer com mais pragas e doenças causadas por fungos.

O painel reúne 345 especialistas de universidades e institutos de pesquisa brasileiros e recebe o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Ministério do Meio Ambiente, além de outras entidades.


Disponível em:  http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-10-25/mudancas-climaticas-podem-causar-perdas-de-r-74-bilhoes-para-agricultura-diz-relatorio

Cientistas Fazem Projeções de Clima mais Quente no Brasil Neste Século.

Cientistas fazem projeções de clima mais quente no Brasil neste século.


O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, organismo científico criado pelo governo federal em 2009, publicou em 09/09/2013, o primeiro de três estudos sobre os impactos do aquecimento global no Brasil. As projeções, de forma geral, mostram que haverá alta nas temperaturas do país no decorrer do século, diminuição das chuvas no Norte e Nordeste e aumento de chuva no Sul e Sudeste. As mudanças no volume de chuva podem oscilar entre 5% e 20% e na temperatura de 1 grau Celsius (°C) a 5°C na temperatura até o final do século dependendo do aquecimento global e da emissão de gases de efeito estufa.

As projeções indicam mais secas prolongadas, principalmente nos biomas da Amazônia, Cerrado e Caatinga. “Levando em conta só o Brasil, todas as projeções indicam que o Norte e Nordeste são as regiões que devem ter uma condição de menos chuva e mais temperatura. No entorno do Semiárido [clima que predomina no interior dos estados nordestinos], onde já chove pouco, isso torna a situação preocupante. Inclusive com a possibilidade de uma transformação da área para desértica”, destaca um dos coordenadores do painel, Tércio Ambrizzi, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).

Na Amazônia, segundo o estudo, haverá redução em 10% no volume de chuvas e aumento de temperatura de 1 ºC a 1,5°C até 2040. Haverá diminuição de 25% a 30% nas chuvas e alta de temperatura entre 3°C e 3,5°C no período de 2041 a 2070; e redução nas chuvas de 40% a 45% e aumento de 5°C a 6°C na temperatura no final do século (de 2071 a 2100).

O estudo mostra que o desmatamento pode agravar a situação. A derrubada das matas elevará ainda mais a temperatura e diminuirá a umidade. “Constitui-se condições propícias à savanização da Amazônia, um problema mais crítico na região oriental [da floresta]”, destaca o texto do estudo.

Na Caatinga, deverá haver aumento de 0,5°C a 1°C de temperatura e decréscimo entre 10% a 20% de chuva durante as próximas três décadas (até 2040). A região terá crescimento gradual de temperatura de 1°C a 2,5°C e diminuição entre 25% e 35% nos padrões de chuva de 2041 a 2070. No final do século (2070 a 2100), o bioma estará significativamente mais quente (aumento de 3,5°C a 4,5°C) e com agravamento do déficit hídrico, com diminuição de quase metade, 40% a 50%, das chuvas. “Essas mudanças podem desencadear o processo de desertificação da Caatinga”, ressalta o documento.

No Cerrado, haverá aumento de 1°C na temperatura e diminuição entre 10% a 20% das chuvas nas próximas três décadas. Em meados do século (2041 a 2070), estima-se alta de temperatura de 3°C a 3,5° e queda de 20% a 35% de chuva. No fim do século, o aumento de temperatura atinge valores de 5°C e 5,5°C e a redução de chuva será mais crítica (entre 35% e 45%).

Em 30 anos, o Pantanal deverá ter acréscimo médio de 1°C na temperatura e diminuição entre 5% e 15% nos padrões de chuva. A tendência de queda das chuvas continua no meio do século, entre 10% e 25%, e aumento de 2,5°C a 3°C. Após 2070, predominarão condições de aquecimento intenso (elevação de 3,4°C a 4,5°C) com diminuição acentuada nos padrões de chuva (35% a 45%).

O nordeste da Mata Atlântica terá alta de aquecimento (entre 2°C e 3°C) e baixa pluviométrica (entre 20% e 25%) maior em meados do século. Para o final do século, as condições estimadas são semelhantes. Na porção sul e sudeste da Mata Atlântica, a temperatura deverá subir entre 2,5°C e 3°C no final do século.

Na região dos Pampas, as projeções são as seguintes: 5% a 10% mais chuvoso e 1°C mais quente até 2040; aquecimento entre 1°C e 1,5°C e intensificação das precipitações de 15% a 20% no meio do século; e no final, alta de 2,5°C a 3°C e aumento de 35% a 40%.

"Em função do tipo de economia brasileira, que é uma economia agrícola, é preocupante esse cenário. Nós vamos ter o impacto muito grande em termos de nossas plantações. Soja, café, milho, vão ter de se deslocar, de onde são plantados hoje, para outras regiões mais adaptadas, com temperatura mais amena e umidade de solo e de precipitação diferentes", destaca Ambrizzi.

As projeções do painel demandaram três anos de estudos e envolveram mais de 300 cientistas brasileiros.

Disponível em:   http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-09-09/cientistas-fazem-projecoes-de-clima-mais-quente-no-brasil-neste-seculo

Refinarias ‘Flex’ Podem Ajudar na Transição Para Economia de Baixo Carbono.

Refinarias ‘flex’ podem ajudar na transição para economia de baixo carbono


 A utilização do parque de refino brasileiro para processar simultaneamente matérias-primas de origem fóssil e biomassa – transformando as unidades em “refinarias flex” – poderia promover uma transição suave para uma economia de baixo carbono e, ao mesmo tempo, ajudar a suprir a demanda energética crescente do Brasil.

A proposta foi defendida pela professora Ofélia de Queiroz Fernandes Araújo, da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), durante o 2º Workshop Fino-brasileiro sobre Conversão de Biomassa. O evento foi realizado no dia 31 de outubro, na sede da FAPESP, pela Rede de Excelência em Biomassa e Energia Renovável (Nobre, na sigla em inglês).

Segundo Araújo, que coordena, ao lado de José Luiz de Medeiros, o Laboratório de Hidrorrefino, Engenharia de Processos e Termodinâmica Aplicada (H2CIN) da UFRJ, o conceito da “refinaria flex” está sendo introduzido no âmbito da Rede Nobre e, atualmente, o grupo está simulando as etapas híbridas, como o processo de gaseificação de biomassa.

“O petróleo é um líquido com milhões de moléculas diferentes que são fracionadas e convertidas em refinarias para dar origem à gasolina, ao diesel e uma série de outro derivados. Nada se joga fora em uma refinaria, pois foram desenvolvidos processos para tratar até mesmo os resíduos mais pesados e recalcitrantes (‘fundo de barril’). Portanto, lá também há condições de tratar outra matéria-prima não convencional, que é a biomassa”, avaliou Araújo.

Por serem abundantes no país e não competirem com a produção de alimentos, os resíduos da agroindústria seriam a matéria-prima ideal para abastecer as refinarias híbridas, na avaliação de Araújo.

Por meio de um processo químico conhecido como gaseificação, seria possível transformar esse material em “gás de síntese” – uma mistura de gases empregada em diversas reações de síntese de produtos da indústria química. Essa mistura é composta principalmente de hidrogênio e monóxido de carbono e pode ser queimada diretamente para gerar energia e vapor (cogeração) ou servir de matéria-prima para obtenção de metanol, ureia, amônia (fertilizante) e olefinas (usadas na fabricação de alguns tipos de plástico e borracha sintética).

“Com auxílio de catalisadores e condições ideais de pressão e temperatura dentro de um reator, é possível transformar o gás de síntese em diversos produtos químicos de interesse econômico. Por meio de um processo conhecido como Fischer-Tropsch, é possível obter até mesmo diesel e gasolina. Transforma-se em ouro o que era resíduo”, afirmou Araújo.

O equipamento necessário para fazer o processamento da biomassa – o gaseificador – já existe em algumas refinarias de petróleo no mundo e é considerado hoje uma tecnologia madura. Segundo Araújo, há cerca de 20 anos, seu uso ainda estava restrito ao âmbito de pesquisa, mas existem atualmente experiências em escala industrial.

“Impulsionado pela comprovação das grandes reservas de óleo e gás natural na camada pré-sal da plataforma marítima brasileira, o governo federal fez fortes investimentos na ampliação do parque de refino. O que propomos é usar essa infraestrutura para coprocessar matéria-prima de origem fóssil e biomassa. O compartilhamento da estrutura instalada reduziria o custo de processamento representado por refinarias exclusivamente voltadas a biomassa, fazendo a transição suave para uma economia ambientalmente sustentável”, opinou.

Tal medida seria necessária, na avaliação de Araújo, porque nenhuma tecnologia verdadeiramente de baixo carbono conseguirá penetrar no mercado de massa no curto prazo. Embora diversos estudos estejam em andamento no país, principalmente com o bagaço de cana, a biomassa ainda é uma matéria-prima pouco competitiva economicamente quando comparada ao petróleo e ao gás natural.

“A biomassa cresce distribuída geograficamente e é perecível. Não se pode acumular matéria-prima durante três ou quatro semanas e depois transportar para uma central e processar. Isso cria um grande problema de logística. Já o gás natural é possível comprimir e distribuir por tubulação”, comentou Araújo.

Embora a exploração do petróleo e do gás natural do pré-sal envolva diversos desafios – como o alto custo de extração a mais de 5 mil metros de profundidade e de transporte até o continente –, trabalhar com biomassa ainda é mais caro no momento.

“O gás natural do pré-sal tem alto teor de CO2 – no caso do poço de Júpiter, chega a 80%, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). É uma impureza que precisa ser processada. A Petrobras não considera emitir esse CO2, mas tudo isso encarece o processo. Portanto, esse gás natural não vai ter o mesmo custo do gás vendido nos Estados Unidos”, avaliou Araújo.

Nesse cenário já não muito animador, acrescentou a pesquisadora, surge um novo competidor que tende a ser um rival ainda mais forte para a biomassa: o gás de xisto – um tipo de gás natural extraído de formações rochosas que já começa a ser explorado no país.

A extração do gás de xisto requer o fraturamento de rochas por meio da injeção de grandes quantidades de água, areia e produtos químicos no subsolo – o que levanta grandes questionamentos sobre seus impactos ambientais. “É um novo competidor que vem com o preço lá em baixo. Não é ambientalmente sustentável e não terá selo verde. Mas a sociedade vai deixar de comprar? Eu acho que não”, ponderou.

Embora reconheça haver uma relação direta entre desenvolvimento econômico, aumento do consumo de energia e das emissões de dióxido de carbono (CO2), Araújo diz ser necessário buscar “tecnologias ponte” que permitam ganhar tempo para que a pesquisa científica consiga mudar os paradigmas produtivos e o país possa, de fato, adotar uma economia verde sem deixar de gerar riquezas.

“Não queremos uma economia fria, mas também não queremos aquecer ainda mais o planeta. Precisamos, portanto, encontrar rotas de fuga enquanto as novas estradas são construídas”, afirmou.

Rede Nobre

No início de 2012, a FAPESP e a Academia da Finlândia (AKA) firmarem um acordo de cooperação em pesquisa.

No mesmo ano, uma delegação finlandesa liderada pelo primeiro-ministro Jyrki Kataine visitou o Brasil e anunciou a criação da Rede Nobre, reunindo pesquisadores dos dois países com a missão de fomentar parcerias e projetos na área de biomassa e energia renovável.

“É uma rede de excelência e, além de pesquisadores, estamos envolvendo empresas e o setor governamental. Pegamos os expoentes da área dos dois países e colocamos todos juntos para debater em um ambiente neutro e criar projetos”, contou Pedro Fardim, professor da Abo Akademi University e coordenador da Nobre na Finlândia.

A primeira iniciativa proposta pelo grupo é a criação de um curso de doutorado internacional com o tema “biomassa e energia renovável”, que seria coordenado pela Rede Nobre e realizado em parceria com as principais universidades brasileiras e finlandesas. O curso, ainda em fase de planejamento, seria oferecido para dez estudantes de cada país, que passariam metade do tempo no Brasil e a outra metade na Finlândia.

“Isso teria um efeito multiplicador muito grande no número de pesquisas conjuntas”, comentou o professor da Universidade de São Paulo (USP) Cláudio Augusto Oller do Nascimento, coordenador da Nobre no Brasil.


Disponível em:  http://agencia.fapesp.br/18177

Desmatamento na Mata Atlântica é o Maior Desde 2008, diz Levantamento

Desmatamento na Mata Atlântica é o maior desde 2008, diz levantamento

Informação integra atlas divulgado por Inpe e ONG SOS Mata Atlântica.
Entre 2011 e 2012, bioma brasileiro sofreu perda de 235 km² de floresta
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O desmatamento na Mata Atlântica entre os anos de 2011 e 2012 causou a perda de uma área de 235 km² de floresta (que inclui mangues e restingas), taxa anual considerada a maior desde 2008. As informações fazem parte do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado na manhã desta terça-feira (4) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela organização não-governamental (ONG) SOS Mata Atlântica.


 No período que vai de 2008 a 2010, a taxa média anual de desflorestamento foi de 151 km². No levantamento de 2010 a 2011, a taxa anual ficou em 140 km².

Na comparação dos dez estados avaliados em todos os períodos do atlas (feito desde 1985 e que incluiu BA, ES, GO, MG, MS, PR, RJ, RS, SC e SP desde o início), o aumento foi de 29% em relação a medição feita em 2010-2011.

Segundo o atlas, os estados de Minas Gerais, Bahia, Piauí e Paraná são os que têm situação mais crítica, já que nesses locais foi constatado um avanço na derrubada da vegetação nativa.

Minas foi o estado que mais desmatou, responsável por derrubar 107 km² de floresta. De acordo com o atlas, o aumento na taxa de desmate no estado foi 70% maior que no período anterior.

Em seguida, vem a Bahia, que perdeu 45 km² de floresta no período. O Piauí, monitorado pela primeira vez , perdeu 26 km² de área e já é considerado o terceiro estado que mais desmatou o bioma no período de 2011-2012.

Com os dados atualizados, sabe-se que restam apenas 8,5% da vegetação original da Mata Atlântica, que alcança 17 estados brasileiros e é considerado o bioma mais ameaçado do país. Essa paisagem natural é uma das mais ricas em biodiversidade, e até 60% de suas espécies de plantas são endêmicas, ou seja, só existem naquela região.

Ainda segundo o atlas do Inpe e da SOS Mata Atlântica, nos últimos 27 anos, o bioma perdeu 18.269 km² de vegetação nativa, uma área equivalente a 12 cidades de São Paulo.


 Perda de restingas e manguezais


Pernambuco foi o único estado que perdeu área de manguezal, ecossistema que funciona como berçários marinhos e são áreas importantes para atividades como a pesca.

Já o maior desmatamento na vegetação de restinga, ocorreu no estado do Rio de Janeiro, na região de São João da Barra.

Nos dois casos, segundo a SOS Mata Atlântica, o impacto ambiental foi causado por obras de infraestrutura, como a construção dos portos de Suape (em PE) e do Açú (no RJ).


 Intervenção do Ministério Público em MG


De acordo com o levantamento é a quarta vez consecutiva que Minas Gerais lidera o ranking do desmatamento na Mata Atlântica. Segundo Marcia Hirota, coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, o estado, que tem a maior cobertura nativa de floresta (10,4% de seu território ainda é coberto por vegetação), é o que mais abriga áreas de supressão.

Para o Ministério Público Estadual, os cortes foram feitos para dar lugar a carvoarias, que abastecem a indústria siderúrgica, e a plantações de eucalipto. As imagens de satélite captaram ilegalidades principalmente no noroeste do estado, na região do Vale do Jequitinhonha.

A situação, considerada grave pelo promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto, forçou a instauração de 18 inquéritos contra siderúrgicas instaladas nas proximidades de Sete Lagoas e Divinópolis. O objetivo é saber se insumos que abastecem o setor são extraídos ilegalmente da floresta.

Além disso, foram ajuizados três processos criminais contra proprietários de fazendas que, segundo o MP, burlaram a lei ao conseguir autorizações para desmatamento de áreas da Mata Atlântica. "As medidas concretas foram tomadas com base em denúncias feitas no ano passado", explicou Ferreira Pinto.

“Estamos protocolando um ofício na próxima semana, pedindo uma moratória para que o governo do estado não conceda mais nenhuma autorização para supressão da vegetação nativa, para qualquer finalidade. Além disso, queremos que seja feita a revisão de todas as autorizações concedidas”, disse Marcia.

Governo de MG diz desenvolver ações de preservação


Por meio de nota, o governo de Minas Gerais informou que desenvolve ações para conter o desmatamento em todo o território mineiro e promove a recuperação ambiental de áreas já degradadas. Segundo o comunicado, entre 2011 e 2012 foram recuperados 129 km² de cobertura vegetal.

Além disso, de acordo com o governo, há recuperação dos corredores ecológicos na Mata Atlântica e no Cerrado, além da criação de novas unidades de conservação. A nota afirma que na última segunda-feira (3), foram assinadas as minutas de criação de três novas unidades no estado e está em estudo a criação de outras 14.

Sobre a fiscalização de crimes ambientais, o governo mineiro afirma que, para impedir a supressão de áreas de vegetação nativa, houve a regulamentação de mecanismos para reposição florestal no estado. Além disso, segundo a nota, há maior vigilância contra incêndios florestais, com investimentos estimados em R$ 20 milhões.


Disponível em:  http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/06/desmatamento-na-mata-atlantica-e-o-maior-desde-2008-diz-levantamento.html

Mapa Global Aponta Perda de 2,3 mi de km² de Cobertura Florestal Desde 2000.

Mapa global aponta perda de 2,3 mi de km² de cobertura florestal desde 2000

Também foram ganhos 800 mil km² de floresta em todo o mundo.
Queda do desmatamento no Brasil foi a maior entre os países
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 Uma equipe formada por pesquisadores de 15 universidades norte-americanas, em parceria com o Google e o governo dos Estados Unidos, lançou em 14/11/2013  um mapa global da extensão florestal, com quantificação de perdas e ganhos no período entre 2000 e 2012. Segundo o levantamento, houve perda de 2,3 milhões de km² e aumento de 800 mil km² de florestas em todo o mundo.

O estudo indica, por exemplo, que a região dos trópicos foi o único domínio de clima a mostrar tendência de perda de florestas de 2.101 km² ao ano. Por outro lado, ocorreu ganho de floresta substancial na zona boreal, nas florestas de coníferas da Eurásia por conta de abandono de agricultura e recuperação florestal depois de incêndios.

O maior aumento no desmatamento ocorreu na Indonésia, que mais do que duplicou sua perda de floresta no período considerado pelo estudo. Em 2012, a taxa de desmate foi de 20 mil km². Outros países que apresentaram altas taxas de desmatamento foram Paraguai, Malásia e Camboja.

 Numa comparação regional, as florestas subtropicais foram identificadas como as que têm taxas de mudanças maiores, por conta do uso intensivo de terras florestais. Entre 2000 e 2012, a perturbação da mata subtropical da América do Norte, no sudeste dos Estados Unidos, foi quatro vezes maior do que a das florestas tropicais da América do Sul, com perda de 31% da cobertura.

De acordo com o estudo, a redução do desmatamento documentada no Brasil na última década foi compensada pelo aumento de desmate na Indonésia, Malásia, Paraguai, Bolívia, Zâmbia, Angola e outros países.



O estudo confirma que os esforços brasileiros para reduzir seu desmatamento, que por muito tempo foi o responsável pela maior perda de cobertura tropical, obteve êxito significativo. A queda brasileira de desmatamento foi a maior entre todos os países: de 40 mil km² ao ano no período 2003-2004, a perda de floresta passou para 20 mil km² ao ano em 2010-2011.

“O Brasil usa dados do Ladsat para documentar sua tendência de desmatamento e usou essa informação em sua formulação e implementação de políticas. O país também compartilha esses dados, permitindo que outros acessem e confirmem o sucesso. Esse tipo de dado não é disponível em outras partes do mundo. Agora, com o nosso mapa global de mudança florestal, todas as nações têm acesso a esse tipo de informação” diz Matthew Hansen, professor de Ciências Geográficas da Universidade de Maryland e um dos líderes do estudo, em comunicado divulgado pela instituição.

Segundo seus responsáveis, a nova ferramenta, que será atualizada a cada ano, permite o entendimento das mudanças provocadas pelo homem e pela própria natureza (como queimadas ou tempestades), além das implicações destas mudanças para a biodiversidade, o clima ou a economia.

As áreas com perda elevada de floresta por causa de tempestades foram as florestas temperadas do sul da Suécia, por causa de ciclone extratropical em 2005, e o sudoeste da França, que foi prejudicado por uma tempestade de vento de 2009.


 De acordo com os pesquisadores, a base de dados também permite estimar as causas das alterações mapeadas; o estado das florestas remanescentes; o estoque ou a emissão de dióxido de carbono e os efeitos da conservação ou perda de floresta. Seria o primeiro mapa detalhado sobre a mudança da cobertura florestal em escala local e global.

O mapa foi construído a partir de 650 mil imagens do satélite Landsat 7, da Agência Espacial americana (Nasa), que estão disponíveis no arquivo do centro do Earth Resources Observation and Science (EROS). Segundo os pesquisadores, as imagens foram processadas em alguns dias pelo Google Earth, enquanto um computador normal demoraria 15 anos para realizar.


Disponível em:  http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/11/mapa-global-aponta-perda-de-23-mi-de-km-de-cobertura-florestal-desde-2000.html

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Carta da Terra.

 O que é a Carta da Terra?

A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.  Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É uma visão de esperança e um chamado à ação.

A Carta da Terra se preocupa com a transição para maneiras sustentáveis de vida e desenvolvimento humano sustentável. Integridade ecológica é um tema maior. Entretanto, a Carta da Terra reconhece que os objetivos de proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico equitativo, respeito aos direitos humanos, democracia e paz são interdependentes e indivisíveis. Consequentemente oferece um novo marco, inclusivo e integralmente ético para guiar a transição para um futuro sustentável.

A Carta da Terra é resultado de uma década de diálogo intercultural, em torno de objetivos comuns e valores compartilhados. O projeto da Carta da Terra começou como uma iniciativa das Nações Unidas, mas se desenvolveu e finalizou como uma iniciativa global da sociedade civil. Em 2000 a Comissão da Carta da Terra, uma entidade internacional independente, concluiu e divulgou o documento como a carta dos povos.

A redação da Carta da Terra envolveu o mais inclusivo e participativo processo associado à criação de uma declaração internacional.  Esse processo é a fonte básica de sua legitimidade como um marco de guia ético. A legitimidade do documento foi fortalecida pela adesão de mais de 4.500 organizações, incluindo vários organismos governamentais e organizações internacionais. 

À luz desta legitimidade, um crescente número de juristas internacionais reconhece que a Carta da Terra está adquirindo um status de lei branca (soft law). Leis brancas, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos são consideradas como moralmente, mas não juridicamente obrigatórias para os Governos de Estado, que aceitam subscrevê-las e adotá-las, e muitas vezes servem de base para o desenvolvimento de uma lei stritu senso (hard law).

Neste momento em que é urgentemente necessário mudar a maneira como pensamos e vivemos, a Carta da Terra nos desafia a examinar nossos valores e a escolher um melhor caminho. Alianças internacionais são cada vez mais necessárias, a Carta da Terra nos encoraja a buscar aspectos em comum em meio à nossa diversidade e adotar uma nova ética global, partilhada por um número crescente de pessoas por todo o mundo. Num momento onde educação para o desenvolvimento sustentável tornou-se essencial, a Carta da Terra oferece um instrumento educacional muito valioso.

 O texto da Carta da Terra

PREÂMBULO


Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LAR

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A SITUAÇÃO GLOBAL

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROS


A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL

Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.

Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.

PRINCÍPIOS


I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

    Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
    Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

    Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
    Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a
    maior responsabilidade de promover o bem comum.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.


    Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
    Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.

4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.


    Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.
    Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.

    Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
    stabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
    Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
    Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que
    causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses
    organismos prejudiciais.
    Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.
    Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.

    Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.
    Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.
    Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.
    Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
    Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.

7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.

    Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
    Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.
    Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias
    ambientais seguras.
    Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.
    Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.
    Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.

    Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
    Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
    Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA


9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.

    Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.
    Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
    Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.

    Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
    Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
    Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
    Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais
    atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas
    conseqüências de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.

    Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
    Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
    Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da
    família.

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

    Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
    Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.
    Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu
    papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
    Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ


13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.

    Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
    Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões.
    Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.
    Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
    Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
    Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.

    Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
    Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.
    Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
    Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

    Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.
    Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
    Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.

16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.

    Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
    Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
    Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
    Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em
    massa.
    Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.
    Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE


Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.

Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.


Disponível em:  http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/text.html