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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

ONU e Sustentabilidade Empresarial.



ONU propõe plano para liderança em sustentabilidade empresarial




ONU: os porquês da liderança em sustentabilidade


Os últimos dez anos testemunharam enormes desdobramentos no campo da sustentabilidade empresarial. Milhares de empresas no mundo todo firmaram compromissos e estabeleceram políticas para integrar e difundir princípios universais nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.

O crescimento do Pacto Global da ONU certamente reflete a adoção cada vez maior de princípios e valores por parte de empresas de todos os portes, setores e procedências.

Reforçar essa tendência tem sido o movimento ascendente da supervisão e execução da sustentabilidade empresarial dentro das organizações; há muito mais presidentes de empresa e conselhos de administração liderando a agenda.

Se, por um lado, esses desdobramentos são extremamente positivos, não se pode deixar de considerar que a sustentabilidade empresarial não penetrou ainda a maioria das empresas que operam nos mercados em todo o mundo. Em outras palavras, o momento da virada nesse processo em termos globais ainda não foi atingido, mas já dá para ser vislumbrado.

Os dez anos de experiência do Pacto Global da ONU revelam dois importantes ensinamentos: em primeiro lugar, que um alto desempenho por parte de empresas líderes é profundamente inspirador para as que se encontram nos degraus mais baixos da “pirâmide da sustentabilidade”. O resultado é uma corrida ao topo. Em segundo lugar, que é necessário um novo patamar de desempenho para que se possa enfrentar alguns desafios globais cruciais em um mundo de incertezas, complexidade e volatilidade, e para que se cumpra a promessa da sustentabilidade.

Reconhecendo estes fatores, o Escritório do Pacto Global da ONU se lançou na elaboração de um Plano para Liderança em Sustentabilidade Empresarial para a segunda década do Pacto Global da ONU; um plano que esteja fundamentado nas realidades da era que se aproxima e baseado na necessidade de atingir níveis mais altos de desempenho, impacto e ação coletiva.

É necessário um novo patamar de desempenho para que se possa enfrentar alguns desafios globais e cumprir a promessa da sustentabilidade

Conceito e Processo – Dando Forma ao Plano de Liderança

O Plano não inclui nenhum novo compromisso para as empresas participantes; está firmemente embasado nos compromissos que as empresas assumem no momento da adesão.

O Plano para Liderança em Sustentabilidade Empresarial (“Plano”) foi elaborado em conjunto com um variado grupo de empresas participantes e partes interessadas, órgãos da ONU e outros especialistas.

A fundamentação para se elaborar um Plano teve os dois seguintes fatores principais:

  • desafiar e inspirar as empresas a atingir níveis mais altos de desempenho em sustentabilidade dentro do Pacto Global da ONU;
  • aperfeiçoar o Pacto Global da ONU e suas oportunidades de engajamento para gerar mais valor para seus participantes mais atuantes.

Dessa forma, o Plano foi elaborado com a compreensão de que ele traria benefícios e responsabilidades tanto para as empresas participantes como para as Nações Unidas. De fato, essa é a verdadeira natureza de um pacto – todas as partes devem contribuir e se beneficiar para que o acordo seja eficaz e sustentável.

Para os participantes empresariais, o Plano traçaria um modelo de liderança em sustentabilidade empresarial que oferecesse uma estratégia ambiciosa, porém exequível para as empresas gerarem o máximo de valor por meio do Pacto Global da ONU.

Para o Escritório do Pacto Global da ONU e suas unidades de apoio operacional, isso significa ser capaz de oferecer os recursos, mecanismos e plataformas necessárias para que as empresas implementem integralmente o Plano.

Foi importante para os participantes que o Plano não incluísse nenhum novo compromisso para as empresas, mas que estivesse firmemente embasado nos compromissos que as empresas assumem no momento da adesão.

Desde o início, o Pacto Global da ONU têm solicitado dois compromissos primordiais aos líderes empresariais e às organizações:

  • implementar os dez princípios do Pacto Global da ONU;
  • realizar ações de apoio a questões e objetivos mais amplos da ONU.

Para muitas empresas participantes, essas duas promessas têm ajudado a estruturar sua filosofia e estratégia geral de sustentabilidade empresarial e o relatório COP-Comunicação de Progresso tem servido para elucidar e descrever as muitas iniciativas positivas e conquistas atingidas.

Com essas e outras considerações em mente, elaboradores do Plano buscaram um conceito e um processo que incorporasse práticas de liderança atuais e emergentes adotadas pelas empresas; abordasse importantes lacunas de desempenho; criasse novas oportunidades relacionadas aos dois compromissos; e, finalmente, alavancasse da melhor maneira possível o valor do engajamento com plataformas e iniciativas do Pacto Global da ONU. Procurou-se valorizar acima de tudo a simplicidade de formato aliada à sofisticação em termos das áreas e questões abordadas.

O resultado é um Plano que define dimensões distintas porém complementares da liderança em sustentabilidade empresarial. Oferecemos esse Plano para ajudar a realizar plenamente o potencial das empresas na sociedade.

Facilitando a Liderança – ONU cumprindo sua parte no Acordo

Ao elaborar o Plano,o Pacto Global da ONU e a ONU de forma geral se compromete a desenvolver ainda mais suas capacidades, habilidades e recursos.

É evidente que o Plano oferece e inclui benefícios e responsabilidades tanto para as empresas participantes como para as Nações Unidas. Dessa forma, a divulgação do Plano também marca um passo histórico para o Escritório do Pacto Global da ONU e para outros fundos, agências e programas da ONU.

Nos últimos anos, o Escritório do Pacto Global da ONU reconheceu a necessidade de se aperfeiçoar e oferecer iniciativas, recursos e outros suportes que viessem ao encontro das necessidades e aspirações de empresas líderes. Essa necessidade foi, em parte, atendida por meio dos grupos de trabalho e materiais de orientação sobre questões, bem como pela criação de iniciativas especiais como Caring for Climate (Cuidando do Clima), the CEO Water Mandate (Comitê de Água da ONU); Business and Peace (Empresas e a Paz); e Women’s Empowerment Principles (Princípios para o Empoderamento da Mulher).

Está claro, entretanto, que ao elaborar o Plano, o Pacto Global da ONU e a ONU de forma geral terão que desenvolver ainda mais suas capacidades, habilidades e recursos para dar assistência e respostas adequadas às empresas que procuram implementar o Plano. Se, por um lado, o Plano é voltado às corporações, ele somente será bem sucedido se realizado com o espírito do Pacto Global da ONU, ou seja, como um esforço de colaboração baseado em interesses e objetivos mútuos.

Nesse sentido, foi dado início a uma avaliação estratégica que irá incluir uma série de considerações e opções, entre as quais a expansão dos recursos humanos, o desenvolvimento de novas frentes de trabalho e recursos, o oferecimento de mais oportunidades de engajamento em nível local e mundial, a construção de plataformas escaláveis de compartilhamento de conhecimentos e a criação de grupos especiais de liderança envolvendo empresas e suas partes interessadas para enfocar as principais dimensões e aspectos do Plano.

Será particularmente importante para o Pacto Global da ONU adequar as Redes Locais às práticas de liderança prevalentes no mundo todo. A implementação do Plano ocorrerá, dessa forma, conjuntamente com uma maior ênfase no fortalecimento das Redes Locais, principalmente em mercados menos desenvolvidos, para garantir a difusão mais ampla possível da liderança em sustentabilidade empresarial.

Entendendo o Plano de Liderança – Principais dimensões e componentes da liderança

O Plano oferece aos participantes do Pacto Global da ONU um modelo para que possam atingir um melhor desempenho e gerar mais valor por meio do Pacto Global da ONU. Ele permite que as empresas e suas partes interessadas avaliem o progresso em relação ao seu compromisso, estratégia e implementação e comuniquem eficazmente à medida que subam a curva do aprendizado e do desempenho.

No contexto do Plano, sustentabilidade empresarial é definida como a geração de valor de longo prazo em termos financeiros, socioambientais e éticos. Este conceito abrange todos os princípios e áreas relativas a questões do Pacto Global da ONU.

O Plano se baseia nos dois compromissos centrais assumidos pelas empresas participantes. Ele inclui aspectos de liderança considerados cruciais para maximização dos resultados no que diz respeito a esses compromissos, entre os quais um engajamento ativo com o Pacto Global da ONU local e globalmente.

O Plano abrange três dimensões distintas porém sobrepostas e sinérgicas. São elas:

  1. Implementação dos Dez Princípios em estratégias e operações;
  2. Ação em apoio a questões e objetivos mais amplos da ONU;
  3. Engajamento com o Pacto Global da ONU.

Cada dimensão contém alguns componentes-chave. Além disso, vários componentes transversais da liderança foram identificados como uma sobreposição crucial para as três dimensões.
A figura abaixo é uma representação visual do Plano, abrangendo as três principais dimensões e, na parte central, os Componentes transversais.

Representação visual do Plano: três principais dimensões e componentes transversais


As “Questões e Objetivos Mais Amplos da ONU” referem-se a uma série de questões globais – baseadas nos desafios globais mais agudos e crônicos – que incluem Paz e Segurança; os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio; Direitos Humanos; Direitos da Criança; Igualdade de Gênero; Saúde; Educação; Assistência Humanitária; Migração; Segurança Alimentar; Ecossistemas Sustentáveis e Biodiversidade; Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas; Segurança Hídrica e Saneamento; Emprego e Condições Decentes de Trabalho; e Combate à Corrupção.


Esta é uma relação ilustrativa de questões abrangidas pelos “Questões e Objetivos Mais Amplos da ONU” e há, certamente, sobreposições consideráveis entre os elementos individuais. A sequência dessa relação não indica qualquer priorização das questões. Para obter uma relação com outras Questões Globais relevantes para o trabalho da ONU e para as empresas.

Dimensão 1 – Implementação dos Dez Princípios em estratégias e operações

Essa dimensão do Plano de liderança representa a pedra fundamental do Pacto Global da ONU e abrange o que sempre foi o primeiro objetivo da iniciativa: implementar os dez princípios nas estratégias e operações das empresas.

Consultas a empresas de vanguarda e outros especialistas sobre o que constitui a prática de liderança referente a essa dimensão do Plano levaram a um consenso sobre quatro componentes:
  1. Total cobertura e integração entre os princípios;
  2. Políticas e procedimentos de gestão robustos;
  3. Adequação às funções corporativas e unidades de negócios;
  4. Implementação na cadeia de valor.

Cada um desses componentes foi considerado vital para assegurar que os dez princípios do Pacto Global da ONU sejam inteiramente incorporados na organização e sua esfera de influência, e para assegurar que sejam eficazmente implementados com o reconhecimento das relações entre os princípios.

Visando ajudar as empresas a melhorar seu desempenho em relação a essa dimensão do Plano, o Escritório do Pacto Global da ONU desenvolveu um recurso, o Modelo de Gestão do Pacto Global da ONU, disponível no site do Pacto Global da ONU. Esse recurso apresenta um modelo dinâmico de gestão baseado em melhoria contínua.

Dimensão 2 – Ação em apoio a questões e objetivos mais amplos da ONU

Essa dimensão do Plano está profundamente enraizada no segundo objetivo do Pacto Global da ONU, que é estimular ações em apoio a questões e objetivos mais amplos da ONU, e irá fortalecer seu significado.

Existe – e é para existir – uma sobreposição entre os dez princípios e o conjunto de questões e objetivos mais amplos da ONU. As questões e os objetivos mais amplos da ONU incluem as quatro áreas cobertas pelo Pacto Global da ONU – Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Combate à Corrupção, mas vão além delas abrangendo outras prioridades de sustentabilidade.

Ao mesmo tempo, as dimensões 1 e 2 são fundamentalmente diferentes no que se refere a comportamentos e ações que as empresas deveriam adotar. Enquanto a primeira dimensão é basicamente sobre a internalização dos dez princípios, a segunda dimensão estimula as empresas a adotar ações mais voltadas para o externo de modo a aumentar seus impactos positivos na sociedade.

Os elaboradores do Plano reconheceram que um número cada vez maior de empresas buscam deliberada e explicitamente atividades em apoio a um ou mais desses objetivos – como complemento ou parte integrante da busca por atingir os objetivos do negócio. Essa dimensão do Plano estimula os participantes a cada vez mais adotar tais atividades e projetos.

Nesse sentido, consultas a empresas e outros especialistas sobre o que constitui a prática de liderança referente a essa dimensão do Plano levaram a um consenso sobre quatro Componentes:

  1. Contribuições do negócio principal aos objetivos e questões da ONU;
  2. Investimentos sociaise estratégicos e filantropia;
  3. Engajamento em campanhas e políticas públicas;
  4. Parcerias e ação coletiva.

Cada um desses Componentes foi considerado vital para que as empresas trilhem um caminho de liderança para realizar plenamente o segundo objetivo do Pacto Global da ONU.

Dimensão 3 – Engajamento com o Pacto Global da ONU

O Pacto Global da ONU tem estabelecido ao longo dos anos numerosas Redes Locais, criado e lançado grupos de trabalho especiais, iniciativas e outras plataformas e mecanismos de engajamento.
Todavia, as pesquisas indicam que ainda há um grande campo e muitas oportunidades para as empresas se tornarem mais engajadas com o Pacto Global da ONU tanto em nível local como global. De fato, os elaboradores do Plano concordam que a iniciativa de um engajamento mais robusto com o Pacto Global da ONU será um aspecto vital de liderança no futuro.

O engajamento com o Pacto Global da ONU não é um fim em si mesmo, mas um meio de melhorar o desempenho das empresas no que se refere às outras duas dimensões do Plano. Novamente, é importante observar que há importantes sobreposições sinérgicas entre as três dimensões.
Consultas a empresas e outros especialistas sobre o que constitui a prática de liderança referente a essa dimensão do Plano levaram a um consenso sobre quatro componentes:

  1. Redes locais e engajamento de subsidiárias;
  2. Grupos de trabalho globais e locais;
  3. Iniciativas setoriais e temáticas;
  4. Promoção e apoio ao Pacto Global da ONU.

Cada um desses Componentes foi considerado vital para a concretização de todo o potencial de engajamento com o Pacto Global da ONU, tanto em nível local como global.

Interseção do Plano – Componentes Transversais

O elemento final do Plano é uma interseção, que contém quatro Componentes transversais. Os elaboradores do Plano reconheceram que esses Componentes são vitais para o sucesso da concretização das três dimensões e de suas respectivas Ações.

Esses Componentes transversais mencionam vários aspectos essenciais do Pacto Global da ONU em geral, assim como traçam novos caminhos. Eles expandem o conceito de liderança tanto ao articular um papel mais proativo e assertivo por parte dos presidentes de empresas e suas diretorias como ao expandir a definição de liderança para incluir a supervisão por parte do órgão de governança pertinente da empresa.

Além disso, os Componentes transversais mencionam a importância vital da inclusão das partes interessadas – a marca do Pacto Global da ONU – assim como transparência e divulgação.
Os quatro Componentes transversais dessa interseção são:

  1. Compromisso e liderança do presidente;
  2. Adoção e supervisão pelo Conselho;
  3. Engajamento das partes interessadas;
  4. Transparência e divulgação.

Concretização do Plano – Implementação dos Dez Princípios em Estratégias e Operações
Total Cobertura e Integração entre os Princípios

  • Implementar todos os dez Princípios do Pacto Global da ONU em estratégias e operações;
  • Elaborar a estratégia de sustentabilidade corporativa para alavancar sinergias entre áreas relativas a questões e para lidar adequadamente com suas contrapartidas;
  • Assegurar que diferentes funções corporativas se coordenem entre si para maximizar o desempenho e evitar impactos negativos indesejáveis.

Políticas e Procedimentos de Gestão Robustos

  • Avaliar permanentemente riscos e oportunidades para a empresa e o produto e exercer diligência devida para garantir que a empresa identifique quaisquer impactos negativos causados por suas operações e atividades;
  • Criar estratégias e políticas específicas para o contexto operacional da empresa, assim como cenários para o futuro, e estabelecer metas mensuráveis de curto, médio e longo prazo;
  • Engajar e educar os empregados por meio de treinamento, do desenvolvimento e ajuste de processos empresariais e de sistemas sólidos de incentivo;
  • Implementar um sistema de acompanhamento e mensuração de desempenho baseado em uma métrica de desempenho padronizada.

Adequação às Funções Corporativas e Unidades de Negócio

  • Conferir responsabilidade pela execução da estratégia de sustentabilidade às funções corporativas relevantes (compras, relações com o governo, recursos humanos, jurídico, etc.) e garantir que nenhuma função esteja operando em conflito com os compromissos e objetivos de sustentabilidade da empresa;
  • Alinhar estratégias, metas e estruturas de incentivo de todas as unidades operacionais e subsidiárias com a estratégia de sustentabilidade empresarial;
  • Atribuir a responsabilidade pela implementação da sustentabilidade empresarial a um indivíduo ou grupo dentro de cada unidade operacional e subsidiária.

Implementação na Cadeia de Valor

  • Analisar cuidadosamente cada segmento da cadeia de valor, tanto upstream como downstream, ao mapear riscos, oportunidades e impactos;
  • Comunicar políticas e expectativas para fornecedores e outros parceiros relevantes do negócio;
  • Implementar mecanismos de monitoramento e verificação dentro da esfera de influência da empresa;
  • Empreender atividades de conscientização, treinamento e outros tipos de capacitação com fornecedores e outros parceiros do negócio.

Concretização do Plano – Ação em apoio a questões e objetivos mais amplos da ONU
Contribuições do Negócio Principal aos Objetivos e Questões da ONU

  • Alinhar a estratégia principal do negócio com um ou mais objetivos/questões* da ONU;
  • Desenvolver produtos e serviços relevantes ou conceber modelos de negócio que contribuam para os objetivos /questões da ONU;
  • Adotar e modificar procedimentos operacionais para maximizar a contribuição para os objetivos/questões da ONU.

Investimentos Sociais Estratégicos e Filantropia

  • Realizar investimentos sociais e contribuições filantrópicas que se alinhem com as competências essenciais ou o contexto operacional da empresa como parte integrante de sua estratégia de sustentabilidade;
  • Coordenar esforços com outras organizações e iniciativas para amplificar – e não anular ou desnecessariamente repetir – os esforços de outras entidades;
  • Responsabilizar-se pelas conseqüências intencionais ou não intencionais do apoio financeiro e ter a devida consideração pelos costumes, tradições, religiões e prioridades locais de indivíduos e grupos relevantes.

Engajamento em Campanhas e Políticas Públicas

  • Defender publicamente a importância da ação referente a um ou mais objetivos/questões da ONU;
  • Comprometer os líderes da empresa com a participação em cúpulas e conferências de destaque e outras importantes interações das políticas públicas com um ou mais objetivos/questões da ONU.

Parcerias e Ação Coletiva

  • Desenvolver e implementar projetos de parceria com organizações públicas ou privadas (órgãos da ONU, governo, ONGs ou outros grupos) em negócios principais, investimentos sociais e/ou campanhas públicas;
  • Aliar-se a organizações do mesmo setor, órgãos da ONU e/ou outras partes interessadas em iniciativas que contribuam para resolver desafios e dilemas comuns em nível global e/ou local com ênfase em iniciativas que aumentem o impacto positivo em sua cadeia de valor.

Concretização do Plano – Engajamento com o Pacto Global da ONU
Redes Locais e Engajamento de Subsidiárias

  • Contribuir com o desenvolvimento e operação de, pelo menos, uma Rede Local do Pacto Global da ONU e ajudar a elevar o desempenho de outras empresas através de treinamento, mentoring (tutoria), revisão do COP por uma organização similar, etc;
  • Estimular subsidiárias a se engajar com as Redes Locais do Pacto Global da ONU e participar ativamente em eventos e atividades;
  • Divulgar informações de sustentabilidade referentes a cada subsidiária separadamente ou discriminá-las explicitamente na Comunicação de Progresso da Matriz.

Grupos de Trabalho Globais e Locais

  • Participar em grupos de trabalho globais ou locais de destaque e compartilhar experiências, redes, ferramentas e boas práticas com outros participantes do Pacto Global da ONU;
  • Participar ativamente na definição de escopo e objetivos de novos grupos de trabalho, quando relevantes.

Iniciativas Setoriais e Temáticas

  • Aderir e colaborar para o progresso de uma ou mais iniciativas existentes do Pacto Global da ONU, como Caring for Climate (Cuidando do Clima), CEO Water Mandate (Comitê de Água da ONU); Women’s Empowerment Principles (Princípios de Empoderamento das Mulheres) e Global Business Initiative on Human Rights (iniciativa de direitos humanos);
  • Encabeçar o desenvolvimento voltado aos necessitados de novas iniciativas setoriais ou temáticas dentro do Pacto Global da ONU e das Nações Unidas como um todo.

Promoção e Apoio ao Pacto Global da ONU

  • Defender o Pacto Global da ONU junto a parceiros de negócio, organizações similares e o público em geral;
  • Estimular fornecedores e outros parceiros de negócio a aderir ao Pacto Global da ONU e assumir um papel de tutor (mentoring) em questões referentes à iniciativa;
  • Participar de atividades para desenvolver e fortalecer ainda mais o Pacto Global da ONU.

Concretização do Plano – Os Componentes Transversais
Comprometimento e Liderança dos Presidentes de Empresas

  • Presidente da empresa faz declarações públicas claras e demonstra liderança pessoal em sustentabilidade e compromisso com o Pacto Global da ONU;
  • Presidente da empresa promove iniciativas para aumentar a sustentabilidade do seu setor e lidera o desenvolvimento de normas setoriais;
  • Presidente da empresa lidera a diretoria no desenvolvimento de estratégia de sustentabilidade empresarial, definindo objetivos e supervisionando sua implementação;
  • Tornar os critérios de sustentabilidade e os Princípios do Pacto Global da ONU parte integrante dos objetivos e sistemas de incentivos para o presidente da empresa e a diretoria.

Adoção e Supervisão pelo Conselho

  • Conselho de Administração (ou equivalente) assume responsabilidade e supervisão por estratégia e desempenho de sustentabilidade empresarial de longo prazo;
  • Conselho cria, quando possível, uma comissão ou atribui a um conselheiro responsabilidade pela sustentabilidade empresarial;
  • Conselho (ou comissão), quando possível, aprova a elaboração de um relatório formal de sustentabilidade empresarial (Comunicação de Progresso).

Engajamento de Partes Interessadas

  • Reconhecer publicamente a responsabilidade pelos impactos da empresa nos públicos interno e externo;
  • Definir estratégias de sustentabilidade, objetivos e políticas em conjunto com as principais partes interessadas;
  • Consultar as partes interessadas ao lidar com dilemas e desafios de implementação e convidá-las a participar ativamente da análise de desempenho;
  • Criar canais para engajamento com empregados e outras partes interessadas para ouvir suas idéias e contemplar suas preocupações, além de proteger autores de denúncias.

Transparência e Divulgação

  • Compartilhar informações sobre sustentabilidade com todas as partes interessadas e responder às suas dúvidas e preocupações;
  • Garantir que a Comunicação de Progresso abranja todos os aspectos do Plano de Liderança e utilizar, quando apropriado, a estrutura da Global Reporting Initiative;
  • Integrar a Comunicação de Progresso ao relatório financeiro anual e publicá-los em conjunto.
  • Obter verificação externa da Comunicação de Progresso ou procurar outros métodos de legitimação por partes interessadas externas.

* Para empresas sem um Conselho formal, outro órgão de governança ou poder assume essas responsabilidades

O Plano: Perguntas e Respostas

O Plano introduz novas exigências para os participantes do Pacto Global da ONU?

Não. O Plano visa inspirar as empresas que desejam atingir níveis mais elevados de desempenho e fornecer a elas um modelo factível de liderança em sustentabilidade. Ele visa ser ambicioso, porém exeqüível.

Como o Plano se difere de outros modelos de sustentabilidade?

O Plano é singular por apresentar uma visão elevada de sustentabilidade empresarial, que faz uso dos recursos e das oportunidades existentes dentro das Nações Unidas. Ele oferece práticas de liderança para implementação dos dez princípios e, ao mesmo tempo, sugere estratégias e oportunidades em relação a questões e objetivos mais amplos da ONU relacionados ao desenvolvimento sustentável.

O Plano é uma mudança radical no Pacto Global da ONU?

Não. O Plano tem raízes sólidas nos dois compromissos empresariais referentes ao Pacto Global da ONU – implementação dos dez princípios e ação em apoio a questões e objetivos mais amplos da ONU. O que o Plano faz é elaborar ainda mais esses dois compromissos e, ao mesmo tempo, apresentar novas oportunidades para as empresas. Dessa forma, o Plano representa um passo evolutivo para o Pacto Global da ONU.

Como as empresas que implementam o Plano na sua totalidade serão reconhecidas?

Primeiramente, o Plano permite às empresas avaliar e comunicar sua adoção e implementação do Plano. Sugere-se que as empresas usem a Comunicação de Progresso para esse fim. Além disso, o Escritório do Pacto Global da ONU irá estimular terceiros a reconhecer as empresas que considerem como líderes com base no Plano. Entre eles, organizações da sociedade civil, investidores, governos ou outras partes interessadas.

O Plano parece ter sido concebido principalmente para grandes empresas. As pequenas e médias empresas também podem utilizar o Plano?

Claro que sim. Sabe-se que alguns dos Componentes – por exemplo adoção pelo Conselho – podem não ser relevantes para empresas de menor porte. Numa situação como essa, recomenda-se que as empresas se concentrem somente nos Componentes que forem relevantes e usem a Comunicação de Progresso para explicar o porquê de suas escolhas.

O Plano para Liderança em Sustentabilidade Empresarial é o fruto dos primeiros dez anos do Pacto Global da ONU. Foi elaborado em conjunto com mais de cem participantes e partes interessadas provenientes de todos os continentes.

Uma equipe central liderada pelo Vice-Diretor Gavin Power e pelo Assessor Sênior Ole Lund Hansen do Escritório do Pacto Global da ONU supervisionou esse trabalho conjunto. Agradecemos a Fondation Guilé por seu apoio.
Publicado pelo Escritório do Pacto Global da ONU



A ONU e o Meio Ambiente.

A ONU e o meio ambiente

 


As mudanças climáticas são um fenômeno comprovado pela ciência. Embora seja difícil prever o impacto das emissões de gases com efeito estufa ou quando catástrofes acontecerão, hoje sabemos o suficiente para reconhecer que os riscos que enfrentamos são grandes e perigosos, pois, como todos sabem, as mudanças climáticas afetam principalmente as comunidades mais pobres e vulneráveis do mundo.

Mas não é porque não sabemos exatamente quando tragédias vão acontecer que podemos cruzar os braços. O perigo existe. Sabemos que o dano que causam as emissões de gases de efeito estufa é irreversível em longo prazo e que a situação piora a cada dia.
Em longo prazo, as mudanças climáticas constituem uma ameaça a todos os habitantes do planeta, e em alguns lugares está minando os esforços da comunidade internacional para reduzir a extrema pobreza. Os conflitos violentos, a insuficiência de recursos, a falta de coordenação e as políticas ineficazes continuam desacelerando o progresso, principalmente na África.


Em nosso continente a situação não é diferente. O Banco Mundial prevê que a América Latina sofra conseqüências "devastadoras" no meio ambiente e na economia, algumas das quais já começam a nos afetar. As geleiras andinas estão retrocedendo e podem desaparecer por completo nos próximos dez ou vinte anos, e a diminuição dos arrecifes de coral está devastando a economia das ilhas do Caribe. Se a temperatura média do planeta aumentar entre dois e três graus Celsius, a Floresta Amazônica pode diminuir entre 20 e 80%. Prevê-se um aumento das doenças, processo que foi verificado na Colômbia com a malária.


Ante estas perspectivas, os países da região já estão tomando medidas para deter o aquecimento global e mitigar seus efeitos, como a dessalinização por meio de energia eólica, o fortalecimento da infra-estrutura costeira, a recuperação de arrecifes de coral e o desenvolvimento de novos combustíveis, como o etanol no Brasil.
 
Respondendo a este desafio, as Nações Unidas têm criado projetos para ajudar governos e sociedade civil a lidar com as mudanças climáticas e a criar maneiras de aplacar os efeitos do aquecimento global. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) é a agência da ONU responsável por catalisar a ação internacional e nacional para a proteção do meio ambiente no contexto do desenvolvimento sustentável. Seu mandato é prover liderança e encorajar parcerias no cuidado ao meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações e povos a aumentar sua qualidade de vida sem comprometer a das futuras gerações.

O PNUMA trabalha com uma ampla gama de parceiros, incluindo entidades das Nações Unidas, organizações internacionais e sub-regionais, governos nacionais, estaduais e municipais, organizações não-governamentais, setor privado e acadêmico, e desenvolve atividades específicas com segmentos-chave da sociedade como parlamentares, juizes, jovens e crianças, entre outros.

Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)

 

O IPCC foi estabelecido para ser uma fonte objetiva de informações sobre mudanças climáticas aos governos e outros interessados no assunto. O IPCC não conduz nenhuma pesquisa científica. Seu papel é avaliar, de forma objetiva, aberta e transparente, a produção científica, técnica e socioeconômica que seja relevante para o entendimento do risco do aquecimento global produzido pelo homem, o impacto observado e previsto e opções para sua adaptação e diminuição. Os relatórios do IPCC devem ser neutros, embora devam lidar objetivamente com fatores científicos, técnicos e socioeconômicos. Eles devem obedecer a altos padrões científicos e técnicos, e seu objetivo é refletir uma vasta gama de opiniões, expertise e ampla cobertura geográfica.
 

Como funciona

 

O IPCC é um órgão científico intergovernamental criado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo PNUMA. É formado por:

  • Governos: o IPCC é aberto a todos os Países-Membros da OMM e do PNUMA. Representantes dos governos podem participar das sessões do plenário do IPCC, onde as principais decisões sobre o trabalho do Painel são tomadas e os relatórios são aceitos, adotados e aprovados. Eles também participam da revisão dos Relatórios do IPCC.
     
  • Cientistas: centenas de cientistas em todo o mundo contribuem com o IPCC como autores, colaboradores e revisores.
     
  • Sociedade civil: como órgão da ONU, o Painel tem como objetivo promover os Objetivos de Desenvolvimento das Nações Unidas. 

 

Por que o IPCC foi criado


Gestores públicos precisam de uma fonte objetiva de informações sobre as causas das mudanças climáticas, suas prováveis conseqüências ambientais e socioeconômicas e as opções de adaptação e diminuição de seus efeitos. Por isto, a OMM e o PNUMA criaram o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em 1988.

Devido a sua característica intergovernamental, o Painel pode fornecer informações cientificas, técnicas e socioeconômicas de forma relevante e neutra aos gestores públicos. Quando os governos aceitam os relatórios do IPCC e aprovam seu Sumário para Policymakers, eles reconhecem a legitimidade de seu conteúdo cientifico.

O IPCC divulga seus relatórios em intervalos regulares, e eles imediatamente se tornam referência, usados por policymakers, especialistas e estudantes. As descobertas do primeiro Relatório de Avaliação do IPCC, de 1990, tiveram um papel decisivo no estabelecimento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), assinada em 1992 na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como ECO-92, no Rio de Janeiro, e que entrou em vigor em 1994.

O Segundo Relatório de Avaliação do IPCC, de 1995, forneceu informações chave para as negociações do Protocolo de Kyoto em 1997, e o Terceiro Relatório de Avaliação, de 2001, foi muito importante nas negociações que levaram ao estabelecimento do Protocolo, que entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005. O Painel continua sendo a maior fonte de informações para negociações sob a UNFCCC.

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC)

 

Convenção-QuadA Convenção estipula o objetivo final de estabilizar a concentração de gases estufa "em um nível que evite interferência humana nociva no sistema climático". Estabelece que "este nível deve ser atingido em um período de tempo que permita aos ecossistemas adaptar-se naturalmente às mudanças climáticas, assegure que a produção de alimentos não seja ameaçada, e permita que o desenvolvimento econômico aconteça de maneira sustentável".

A UNFCCC requer inventários precisos e regularmente atualizados das emissões de gases estufa pelos países industrializados. O primeiro passo para resolver um problema é conhecer suas dimensões. Com algumas exceções, o "ano base" para sistematizar as emissões de gases estufas foi estabelecido em 1990. Países em desenvolvimento também são estimulados a coletar dados sobre suas emissões.o das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC)
Os países que ratificaram o acordo concordaram em levar as mudanças climáticas em consideração ao elaborar políticas em áreas como agricultura, indústria, energia, recursos naturais e atividades envolvendo costas marinhas. Eles concordaram em desenvolver programas nacionais para reduzir a velocidade das mudanças climáticas.

A Convenção reconhece que é um documento "quadro" e, portanto, deve ser aperfeiçoado, para que os esforços para lidar com o aquecimento global e as mudanças climáticas possam ser concentrados e mais eficazes. O primeiro acréscimo ao acordo, o Protocolo de Kyoto, foi adotado em 1997.
No final de 2009, em Copenhague (Dinamarca), a ONU realizará uma grande conferência mundial que discutirá os novos instrumentos que serão adotados pela comunidade internacional para proteger o meio ambiente, assim como encontrar mecanismos de substituição do Protocolo, já que este expira em 2012.

A UNFCCC coloca a maior responsabilidade da luta contra as mudanças climáticas nos países industrializados, já que eles são a maior fonte de emissões de gases estufa. Exige-se destes países que façam o máximo que puderem para diminuir suas emissões e forneçam grande parte do financiamento para os esforços em outras partes do mundo. Em sua maioria, estas nações desenvolvidas, chamados países "Anexo I" por estarem listados no primeiro anexo da Convenção, pertencem à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico  (OCDE).
Exigiu-se que estas nações avançadas, assim como as 12 "economias em transição" (países na Europa Central e Oriental, inclusive alguns Estados que pertenceram à União Soviética), reduzissem, no ano 2000, as emissões de gases estufa até os níveis de 1990. Em grupo, eles conseguiram.

Nações industrializadas concordaram em apoiar atividades contra as mudanças climáticas em países em desenvolvimento, fornecendo apoio financeiro além da assistência financeira que eles já fornecem a estes países. Um sistema de doações e empréstimos foi estabelecido através da Convenção e é administrado pelo Fundo Global Ambiental (GEF). Países industrializados também concordaram em dividir tecnologia com nações menos desenvolvidas.

Sendo o desenvolvimento econômico vital para os países mais pobres - e porque tal progresso é difícil de ser alcançado, mesmo sem as dificuldades causadas pelas mudanças climáticas - a Convenção aceita que a taxa de emissão de gases estufa das nações em desenvolvimento vai crescer nos próximos anos. Apesar disso, a UNFCCC procura ajudar estes países a limitar suas emissões de forma a não atrapalhar seu progresso econômico.



A ONU e o Desenvolvimento

A ONU e o desenvolvimento

"Não há alternativas para a fundação de um mundo pacífico e justo além do desenvolvimento econômico e social. A base desenvolvimentista das Nações Unidas precisa ser firme se todo o Sistema da Organização quiser efetivamente cumprir sua nobre missão."

Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon

Desde a sua criação, em 1945, um dos principais objetivos da ONU foi o de apoiar e de proteger os mais vulneráveis e oprimidos. O primeiro parágrafo da Carta das Nações Unidas expressa a determinação dos povos ao redor do mundo de “promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla”, e de “empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos”. O Artigo 55 amplia esses propósitos, afirmando que as Nações Unidas favorecerão “níveis mais altos de vida, trabalho efetivo e condições de progresso e desenvolvimento econômico e social”, e “a solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, de saúde e relacionados”.

Cerca de 70% de todo o trabalho do sistema da Organização é destinado a cumprir este mandato. O trabalho é orientado pela idéia de que a erradicação da pobreza e a melhora no bem-estar das pessoas ao redor do mundo são etapas necessárias para a construção de uma paz duradoura. As Nações Unidas possuem uma capacidade única na promoção do desenvolvimento. Sua presença é global, e seu abrangente mandato responde a necessidades sociais, econômicas e de emergência. O trabalho da Organização não representa qualquer interesse particular nacional ou comercial. Quando as principais decisões políticas são tomadas, todos os países, ricos e pobres, possuem uma voz.


Ao longo da história, a ONU desempenhou um papel fundamental para se alcançar um consenso internacional sobre ações para o desenvolvimento. A partir de 1960, a Assembléia Geral definiu prioridades e metas através de uma série de Estratégias Internacionais para o Desenvolvimento, com um prazo de dez anos para que cada uma fosse implementada. Enquanto se focavam em assuntos particulares, essas estratégias destacavam a necessidade de se alcançar progresso em todos os aspectos do desenvolvimento econômico e social. Áreas fundamentais como o desenvolvimento sustentável, os direitos das mulheres, os direitos humanos, a proteção do meio ambiente e a saúde tiveram continuamente objetivos definidos, acompanhando programas para torná-los realidade. Nas duas últimas décadas, a ONU tem realizado uma série de conferências e encontros mundiais que têm sido os maiores na história da Organização na tentativa de realizar concretamente seus objetivos desenvolvimentistas. Embora as reuniões das Nações Unidas tenham sido ao longo de muito tempo um local de debates políticos, as conferências e os encontros a partir de 1990 foram excepcionais em responder a pedidos de muitos líderes internacionais para que a Organização desempenhasse mais ativamente o papel descrito em sua Carta em definir valores, estabelecer objetivos, articular estratégias e adotar programas de ação em diferentes dimensões do desenvolvimento. Embora cada conferência possua sua área de interesse específica, todas estão voltadas para a necessidade de se solucionar as diversas desigualdades melhorando a situação dos segmentos mais pobres e vulneráveis da comunidade global.


É provavelmente simbólico o fato de que o primeiro de todos estes encontros tenha sido voltado para as crianças. No final da década de 1980, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) propôs sediar um Encontro Mundial para a Infância. Seis países – Canadá, Egito, Mali, México, Paquistão e Suécia – iniciaram o seu planejamento, e sob a organização do UNICEF, do Secretariado das Nações Unidas e de outras agências, representantes de 159 países, incluindo 71 Chefes de Estado, se reuniram em 1990 sob os auspícios do Secretário-Geral. Uma Declaração Mundial e um Plano de Ação para a sobrevivência, a proteção e o desenvolvimento das crianças foram adotados, assumindo dez compromissos. O encontro também estabelecia sete objetivos explícitos relacionados à infância, incluindo a redução da mortalidade infantil em um terço na década seguinte e a da mortalidade materna pela metade. O Plano de Ação adotava recomendações políticas para se alcançar as metas.

Em suas conferências globais seguintes, as Nações Unidas seguiram o modelo de adoção de uma declaração estabelecido no Encontro para a Infância, incluindo o estabelecimento de objetivos, compromissos e de um plano de ação. Conforme os encontros prosseguiam, havia uma tendência para que se deixassem cada vez mais explícitos seus compromissos, com prazos definidos e planos mais extensivos para a implementação de políticas internacionais e nacionais. Este fato é certamente impressionante, uma vez que a maior parte dos países estava representada nas conferências por delegações que eram lideradas por seus Chefes de Estado, ou então pelo ministro responsável pelo assunto que estava sendo discutido.

Apesar de tudo, no começo as conferências não eram vistas como parte de um esforço coletivo, mesmo sendo convocadas pela Assembléia Geral. Cada uma delas tinha suas origens em processos intergovernamentais distintos, alguns deles datando de anos, mesmo décadas antes. No meio da década de 1990, no entanto, estava claro que algo especial e maior estava em andamento, com as conferências acontecendo uma após a outra, cada uma voltada para um assunto diferente, e fornecendo uma abrangente visão de desenvolvimento. Por possuírem cada uma um foco distinto, todas se reforçavam, uma vez que os assuntos que tratavam estavam inevitavelmente conectados. Juntos, eles criaram um quadro de referências estratégico articulado e abrangente: a Agenda da ONU para o Desenvolvimento.

Uma característica destes compromissos para o desenvolvimento é que eles são centrados nas pessoas e envolvem melhorias no total bem-estar humano, apesar de também reconhecerem a importância do crescimento da economia dos países. Eles são destinados a atender alguns dos principais propósitos que os Estados-Membros definiram para si próprios na Carta das Nações Unidas. Apesar de o crescimento econômico ser uma das condições necessárias para aumentar a qualidade de vida para todos, ele não é exclusivo. Outras políticas também são necessárias para aumentar diretamente a capacidade de todos para contribuir para a disseminação e o crescimento do bem-estar humano em todas as suas dimensões.

As Conferências Globais da ONU não se preocupam apenas com os direitos das crianças, mas também com o desenvolvimento sustentável, o desenvolvimento social, a igualdade de gênero, os direitos humanos, assentamentos humanos, alimentação, educação, comércio, a sociedade da informação, a redução da criminalidade e outras questões fundamentais – todas de acordo com a perspectiva do bem-estar das pessoas. Cada uma dessas conferências demonstrou a universalidade da preocupação dos assuntos em questão e o reconhecimento da necessidade de se renovar a cooperação internacional para o desenvolvimento. Cada uma delas estabeleceu objetivos internacionais e recomendou políticas nacionais e multilaterais. Cada uma adotou compromissos unicamente para sua área em foco, reiterando ao mesmo tempo os compromissos anteriores essenciais para se alcançar as metas.

Duas conferências globais, a Assembléia do Milênio, em 2000, e a Cúpula Mundial, em 2005, tiveram significado especial tanto por sua presença quanto por seus compromissos. Líderes de estado e de governo se reuniram na sede das Nações Unidas em Nova York (EUA) em setembro de 2000 para reafirmar sua “fé na Organização e em sua  Carta como fundamentos indispensáveis de um mundo mais pacífico, próspero e justo”.  A declaração teve a autoridade política de ser adotada pelos líderes de 189 países. Os valores considerados fundamentais incluíam a liberdade, a igualdade, a solidariedade, a tolerância, o respeito pela natureza e a responsabilidade compartilhada. A declaração afirma que “os desafios globais precisam ser administrados de uma maneira a distribuir os custos de maneira justa e de acordo com princípios básicos de igualdade e justiça social”. O objetivo de se reduzir a pobreza pela metade até 2015, primeiro adotado na 24ª sessão especial da Assembléia Geral Sobre Desenvolvimento Social, realizada em Genebra (Suíça) em junho de 2000, foi reafirmada pela Assembléia do Milênio, e depois se tornou parte dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

A origem dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) remete à fundação da própria Organização das Nações Unidas. Os valores fundamentais de liberdade, igualdade, solidariedade, tolerância, respeito pela natureza e responsabilidade compartilhada, afirmados na Carta das Nações, são novamente garantidos e atualizados nos Objetivos, que, de certa forma, representam a função fundamental das Nações Unidas como responsável pelo desenvolvimento e bem-estar dos povos no século XXI. Em setembro de 2000, a Assembléia do Milênio reafirmou na sede da ONU em Nova York (EUA) as metas de qualidade de vida das Nações Unidas para o novo milênio. Após três dias de discussão, o papel das Nações Unidas e seu compromisso com a humanidade na promoção de um mundo mais pacífico, próspero e justo foram reafirmados. A partir daí, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram definidos.
Eles são:

1- A erradicação da extrema pobreza e da fome
A erradicação da extrema pobreza e da fome A redução pela metade, entre 1990 e 2015, da proporção da população com renda inferior a um dólar por dia e a proporção da população que sofre de fome


2 - Atingir o ensino básico universal

Atingir o ensino básico universal Assegurar que, até 2015, todas as crianças, de ambos os sexos, terminem um ciclo completo de ensino básico.




3 - Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres

Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres A eliminação da disparidade entre os sexos nos diversos níveis de educação até 2015.




4 - Reduzir a mortalidade infantil

Reduzir a mortalidade infantil Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores de cinco anos.



5 - Melhorar a saúde materna

Melhorar a saúde maternaReduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna.



6 - Combater o HIV/aids, a malária e outras doenças

Combater o HIV/aids, a malária e outras doenças Até 2015, deter a propagação do HIV/Aids e a incidência da malária e de outras doenças importantes.



7 - Garantir a sustentabilidade ambiental

Garantir a sustentabilidade ambiental Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais.



8 - Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento

Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento Avançar no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto, previsível e não discriminatório.



 As metas foram estabelecidas destacando os progressos realizados e também o que falta para o seu total cumprimento, mas não recomendando políticas específicas ou determinando ações. A estratégia central para a implementação dos Objetivos é entender que todos são igualmente relevantes e precisam ganhar importância em nível nacional. Parcerias com setores da sociedade civil, governamental, privada e com a academia são fundamentais, assim como um maior foco na coordenação de grande parte do trabalho que já é realizado.

Como os ODMs foram formulados a partir da realidade global e não de contextos regionais específicos, eles precisam ser adaptados para realidades diversas. Não há uma definição comum sobre o que seja um planejamento adequado para que se alcancem os objetivos, mas eles devem, porém, ser pautados por ambição, rigor, abrangência (as estratégias precisam mirar todos e não só alguns ODMs), propriedade, financiamento e monitoramento.

Toda a ONU  está engajada para que os ODMs sejam atingidos. O trabalho está sendo realizado em nível global, regional e nacional, de modo coordenado e interdependente, fato fundamental no mundo globalizado. É necessário que todas as etapas sejam acompanhadas e entendidas em diversos níveis.
Para se lançar uma estratégia para o desenvolvimento, deve-se lançar um projeto efetivo e inclusivo. É necessário que se avaliem experiências anteriores e se defina uma linha geral. Precisa-se buscar compreender a infra-estrutura, os recursos humanos e financeiros exigidos para se alcançar os ODMs, e desenvolver uma estratégia em médio ou longo prazo a partir dessa avaliação, isto é, definir as prioridades, dividir as responsabilidades entre os atores principais, especificar políticas e reformas necessárias. A estratégia deve ter de três a cinco anos.

A primeira etapa do trabalho das Nações Unidas consiste em analisar as diversas situações sócio-econômicas, global, regional e nacionalmente. Essas análises, realizadas por agências e programas e frequentemente contando com parcerias, permitem a identificação de grandes desafios e obstáculos comuns para a implementação dos ODMs, ajudando na definição de estratégias para a promoção dos Objetivos. As publicações de organismos da ONU diversas vezes são fundamentais, devido a sua confiabilidade e a análises específicas, além de contarem com críticas e propostas políticas.
Em seguida, quando começam as atividades em campo, a ONU busca monitorar os progressos realizados. O monitoramento é indispensável porque permite avaliar sucessos e dificuldades encontradas, ajudando a desenvolver estratégias políticas. Sem ele, todo o trabalho poderia ser perdido.

A mobilização de diversos setores divulgando os ODMs também é fundamental. Desta maneira, os esforços podem ser consideravelmente aumentados. A "Campanha do Milênio", por exemplo, busca criar as condições necessárias para o cumprimento dos ODMs, incentivando cidadãos a exigirem de seus governos que cumpram as metas definidas. Trabalha em nível local e internacional. No Brasil, a Campanha trabalhou em parceria com setores privados e instituições culturais para divulgar os ODMs.

Diversas agências, fundos e programas das Nações Unidas estão totalmente envolvidos no desafio de se atingir os Objetivos do Milênio, seja colaborando com conhecimento, construindo alianças, promovendo políticas ou ajudando na construção de infra-estrutura para questões importantes. Recentemente, como parte das iniciativas de reforma da ONU, tem-se buscado uma maior integração entre as agências.

A busca pela maior harmonização tem como objetivo garantir operações para o desenvolvimento mais rápidas e efetivas, acelerando assim o progresso para que alcancem os Objetivos do Milênio. Ou, com outras palavras, desenvolver um sistema capaz de oferecer uma assistência mais consistente e eficaz para os mais pobres e desfavorecidos.


Desafios para o desenvolvimento

Recentemente, o Secretário-Geral e os Estados-Membros destacaram a necessidade de reforçar a luta contra a pobreza e ampliar a base desenvolvimentista das Nações Unidas. A Cúpula Mundial de 2005 sublinhou o papel fundamental exercido pelos maiores encontros e conferências das Nações Unidas na criação de uma visão compartilhada de desenvolvimento e na definição de objetivos comuns, incluindo os ODMs. Chegou-se ao consenso de que o pilar desenvolvimentista da ONU deve permanecer fiel ao seu compromisso inicial.

Apesar de tudo, o progresso para se alcançar os ODMs permanece insuficiente, em especial no caso da África – continente onde está a maior parte dos países menos desenvolvidos. Para responder a este desafio, o Secretário-Geral lançou em setembro de 2007 uma inovadora parceria denominada Grupo de Direção dos ODMs na África. Pela primeira vez, a liderança da ONU, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) se uniram com os líderes da União Africana, com o Banco Africano de Desenvolvimento, com a Comissão Européia, com o Banco de Desenvolvimento Islâmico e com o Comitê de Assistência para o Desenvolvimento da Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento para continuar atendendo às necessidades especiais da África e acelerar os esforços para se alcançar os ODMs no continente.

Para garantir que a ONU possa ampliar os progressos dos ODMs e do desenvolvimento como um todo de forma mais abrangente, a eficácia da Organização precisa ser aumentada. Isto já está em curso, com o aperfeiçoamento da capacidade e da coordenação de seus níveis programáticos e institucionais. As três principais áreas de trabalho da organização – desenvolvimento, paz e segurança e direitos humanos – têm tido uma aproximação ainda maior, e parcerias com outros atores envolvidos – doadores, governos, a sociedade civil – têm sido incentivadas. Estes esforços, unidos a uma ampliação das atividades de informação pública, resultarão em um melhor posicionamento da ONU para lidar com as necessidades e os desafios do século XXI.

A pobreza, a globalização, a degradação do meio ambiente e os efeitos das mudanças climáticas continuarão sendo uma parte essencial do trabalho das Nações Unidas na busca de um desenvolvimento econômico e social equitativo e inclusivo, assim como responder as vulnerabilidades das mulheres, de pessoas com deficiências e dos povos indígenas.

As mudanças climáticas são talvez o desafio mais decisivo de nosso tempo. A ONU tem pressionado por um abrangente projeto para lidar com as alterações no período após 2012, quando o Protocolo de Kyoto expira. O Secretário-Geral também anunciou que todas as agências e programas da Organização irão implementar um projeto para diminuir suas emissões de carbono, e investirão em um crédito que serão direcionados para o fundo de adaptação do Protocolo de Kyoto.

A saúde global também é um enorme desafio, incluindo a maternal e infantil e pandemias como o HIV/aids e a gripe aviária. Investimentos na área são fundamentais para o crescimento econômico, o desenvolvimento humano e a segurança global. Esforços serão realizados para intensificar a coordenação das ações para tirar o máximo de vantagem dos recentes grandes investimentos de recursos em atividades relacionadas à saúde global. De modo que, não importa quão grande sejam os desafios de nosso tempo, as Nações Unidas estarão preparadas para enfrentá-los e cumprir com seu papel insubstituível para a construção de um mundo mais próspero e justo.